Para os produtores, o projeto, que só conferirá segurança hídrica ao estado daqui a dez anos, deve abarcar pequenas obras que consigam garantir a água em um curto espaço de tempo
A diretoria da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) conheceu, na última quinta-feira (18), o que será a maior obra hídrica da Paraíba já concebida nos últimos 30 anos: o Canal das Vertentes Litorâneas – Araçagi-Acauã. A apresentação, feita pelo diretor executivo da Arco Projetos (empresa responsável pelo projeto), o engenheiro George Cunha, aconteceu na sala de reuniões da Asplan. Também chamada de “Complementar”, a obra é uma exigência do governo federal para que os municípios possam receber a água que vem do rio São Francisco. Para os produtores de cana da Paraíba, bem como para o Secretário Executivo de Agricultura da Paraíba, Rômulo Montenegro, e o deputado estadual, Francisco Quintans, também presentes na ocasião, o anuncio da obra não diminui a angústia dos produtores em relação aos problemas de irrigação em suas propriedades. “Esta é uma obra enorme, com longo prazo de tempo. O que precisamos é de pequenas intervenções para irrigar as terras agora”, disse o presidente da Asplan, Murilo Paraíso.
Segundo engenheiro George Cunha, quando o Canal das Vertentes Litorâneas estiver pronto, daqui a cerca dez anos, a água sairá da barragem de Acauã, percorrerá 112 km em canais e abastecerá 38 municípios paraibanos com água para consumo doméstico e para irrigação. “A vazão no canal será de 10m³ por segundo até o Rio Gurinhém e 2,5m³ perto de Camaratuba, já quase no estado do Rio Grande do Norte. Isso é muita água e é um volume que servirá tanto para o consumo doméstico como para irrigar cerca de 15.500 hectares ao longo do Canal”, explicou George Cunha, destacando que o canal vai integrar e perenizar as bacias do Rio Gurinhém, do Rio Miriri, do Rio São Salvador, do Rio Mamanguape, do Rio Araçagi e do Rio Camaratuba.
Embora depositem confiança na obra, que tem o objetivo de fornecer sustentabilidade hídrica a várias bacias que cortam o Vale do Paraíba e o Brejo, os produtores de cana-de-açúcar, porém, esperam que o governo também atue de forma mais localizada para salvar as plantações e o gado em um curto espaço de tempo. “O que preocupa o produtor é a seca que já se instalou. Essa é uma obra de grande importância, com certeza, mas vai fornecer segurança hídrica somente daqui a cerca de dez anos. Nesse momento seria mais conveniente construir pequenas barragens ao longo do Rio Paraíba, por exemplo, para garantir a produção e o abastecimento de água”, afirmou o diretor tesoureiro da Asplan, Oscar Gouvêa, defendendo que o produtor precisa de obras estruturantes de curto prazo. “São obras mais simples e que dariam alguma segurança até outras obras maiores ficarem prontas”, concluiu o diretor.
Ao final da reunião, ficou definido que a Asplan entrará em contato com a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos para marcar uma audiência com o secretário João Azevêdo Lins. O intuito é conhecer outros detalhes do projeto e averiguar a possibilidade de o Governo do Estado, com a anuência do Ministério da Integração, realizar as pequenas obras propostas durante a apresentação do projeto na entidade. “É salutar esta discussão, mas é preciso que saibamos mais sobre a política de uso dessas águas e a demanda de irrigação dos produtores que possuem plantações ao longo do canal para, depois, propormos melhorias que venham a beneficiar todos”, concluiu o presidente da Asplan, Murilo Paraíso.