Projeto Caminhos da Cana II detalha força do agronegócio, especialmente, do setor sucroenergético nacional
Idealizado pela Markestrat, o projeto foi apresentado a produtores de cana da Paraíba, nesta terça-feira (27), no auditório da Asplan, pelo professor Dr. Marcos Fava Neves
Os produtores de cana-de-açúcar da Paraíba tiveram a oportunidade de participar, nesta terça-feira (27), do projeto ‘Caminhos da Cana II’ e assistir uma palestra sobre tendências do mercado e do setor, com o professor Dr. Marcos Fava Neves. Um dos principais estudiosos da cadeia de produção sucroenergética no Brasil, apresentou números que comprovam a eficiência do agronegócio nacional, incluindo o setor canavieiro, falou sobre perspectiva de crescimento do mercado de etanol, dos erros da política econômica, da importância do associativismo para o fortalecimento do setor e da necessidade do diálogo entre o produtor e a indústria. Antes da apresentação de Neves, Fábio Balaban, da Case IH e Bruno Lima, da Bayer, falaram sobre ‘Mecanização no campo e treinamento de operadores de máquinas’ e sobre o ‘Provence’, uma solução para controle de plantas daninhas.
O setor sucroenergético nacional, segundo apresentação do estudioso, contabilizou na safra 2013/14, um PIB estimado em US$ 107,22 bi, gerou 613 mil empregos diretos e arrecadou US$ 8,52 bi em impostos agregados para o governo. Mas, apesar deste números impressionantes, o Governo Federal, segundo o especialista, ainda mostra-se insensível com os aspectos ligados ao setor. “O Brasil, ao contrário dos EUA, não tem um plano estratégico para o etanol que estabeleça metas que devemos atingir. Isso atesta uma falta de visão e uma consequente perda de oportunidade de desenvolvimento econômico, social e ambiental”, afirma Dr. Marcos Fava Neves. Segundo ele, o governo federal está, atualmente, mais sensível em relação ao etanol, que mostra uma perspectiva de crescimento muito boa, mas ainda de forma muito incipiente face a potencialidade do produto.
O professor também abordou a imagem que o país tem no exterior. “O Brasil tem uma péssima imagem no mercado internacional. Hoje, temos no país uma sociedade em retrocesso. Um país pobre, não pode ter um setor público rico. É preciso rever isso urgentemente”, disse ele. Para Neves, a redução das vendas no varejo, a queda na produção industrial brasileira, o aumento do desemprego, a falta de confiança na política econômica aliada a instabilidade política agravam a situação do Brasil. “Esse cenário nebuloso não é consequência da economia internacional. Ela reflete erros atuais que colocam o país com um déficit de R$ 70 bilhões na balança comercial”, afirma Neves.
“O Brasil é pobre, mas oferece benefícios suecos, a mão de obra nacional rende ¼ de um trabalhador americano, a política econômica de extensão de benefícios a alguns setores, de privilegiar outros, aliado ao controle equivocado de preços, como no caso da gasolina, com aumento no custo de produção agrava a crise. A sociedade brasileira precisa tomar decisões que quebrem práticas como, por exemplo, a questão de um banco nacional, como o BNDES, investir no exterior, enquanto a indústria, os portos, a cadeia produtiva do país precisa de investimentos e deveria ter prioridade”, destaca Dr. Marcos Fava Neves.
Segundo o estudioso, cada vez mais o Brasil se torna um agro país e é o agronegócio que vai alavancar a economia nacional. “O consumo mundial vai ter no Brasil um dos principais expoentes nos próximos anos, o mercado do agronegócio nacional tende a crescer e as projeções não são feitas por especialistas brasileiros, mas por fontes internacionais”, argumenta Neves, lembrando que há um obstáculo deste crescimento no setor canavieiro que são as dívidas dos agricultores que, usualmente, estão atreladas a moeda americana. Por fim, o especialista reforçou a importância do fortalecimento das entidades de classe. “Não há produtores de cana sem associação forte”, disse ele, encerrando o ‘Caminhos da Cana’ em João Pessoa. Na ocasião, todos os participantes do projeto receberam um exemplar do livro ‘Caminhos da cana’, de autoria do palestrante, cujo conteúdo é uma coletânea de artigos opinativos sobre o setor sucroenergético nacional publicados em jornais do Brasil e do exterior.
No final da palestra, Dr. Marcos Fava Neves, apresentou um resumo de uma pesquisa, coordenada pela Universidade de São Paulo, com apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp, que aponta seis ações primordiais que precisam ser adotadas e que foram apontadas por produtores de cana independentes. Melhorar minha produção no campo, melhorar a gestão do meu negócio, aumentar minha cultura associativista, melhorar minha atuação política, ser ativo na comunicação do setor e buscar melhores formas de relacionamento com as usinas foram as ações.
O evento Caminhos da Cana II é uma realização da Markestrat, sob a coordenação do professor Dr. Marcos Fava Neves, com apoio da Orplana, Única, Ceise-BR, Fapesp, CASE-IH, Bayer e das associações de produtores de cana, a exemplo da Asplan. O coordenador do Departamento Técnico da Asplan (DETEC), Vamberto de Freitas Rocha, lembra que o evento fez parte do ciclo de palestras técnicas organizadas pelo DETEC e realizadas, periodicamente, para ampliar os conhecimentos dos produtores associados.