4 de novembro de 2015

Projeto Caminhos da Cana II detalha força do agronegócio, especialmente, do setor sucroenergético nacional

palestra caminhocanaIdealizado pela Markestrat, o projeto foi apresentado a produtores de cana da Paraíba, nesta terça-feira (27), no auditório da Asplan, pelo professor Dr. Marcos Fava Neves

Os produtores de cana-de-açúcar da Paraíba tiveram a oportunidade de participar, nesta terça-feira (27), do projeto ‘Caminhos da Cana II’ e assistir uma palestra sobre tendências do mercado e do setor, com o professor Dr. Marcos Fava Neves. Um dos principais estudiosos da cadeia de produção sucroenergética no Brasil, apresentou números que comprovam a eficiência do agronegócio nacional, incluindo o setor canavieiro, falou sobre perspectiva de crescimento do mercado de etanol, dos erros da política econômica, da importância do associativismo para o fortalecimento do setor e da necessidade do diálogo entre o produtor e a indústria. Antes da apresentação de Neves,  Fábio Balaban, da Case IH e Bruno Lima, da Bayer, falaram sobre ‘Mecanização no campo e treinamento de operadores de máquinas’ e sobre o ‘Provence’, uma solução para controle de plantas daninhas.

O setor sucroenergético nacional, segundo apresentação do estudioso, contabilizou na safra 2013/14, um PIB estimado em US$ 107,22 bi, gerou 613 mil empregos diretos e arrecadou US$ 8,52 bi em impostos agregados para o governo. Mas, apesar deste números impressionantes, o Governo Federal, segundo o especialista, ainda mostra-se insensível com os aspectos ligados ao setor. “O Brasil, ao contrário dos EUA, não tem um plano estratégico para o etanol que estabeleça metas que devemos atingir. Isso atesta uma falta de visão e uma consequente perda de oportunidade de desenvolvimento econômico, social e ambiental”, afirma Dr. Marcos Fava Neves. Segundo ele, o governo federal está, atualmente, mais sensível em relação ao etanol, que mostra uma perspectiva de crescimento muito boa, mas ainda de forma muito incipiente face a potencialidade do produto.

O professor também abordou a imagem que o país tem no exterior. “O Brasil tem uma péssima imagem no mercado internacional. Hoje, temos no país uma sociedade em retrocesso. Um país pobre, não pode ter um setor público rico. É preciso rever isso urgentemente”, disse ele. Para Neves, a redução das vendas no varejo, a queda na produção industrial brasileira, o aumento do desemprego, a falta de confiança na política econômica aliada a instabilidade política agravam a situação do Brasil. “Esse cenário nebuloso não é consequência da economia internacional. Ela reflete erros atuais que colocam o país com um déficit de R$ 70 bilhões na balança comercial”, afirma Neves.

“O Brasil é pobre, mas oferece benefícios suecos, a mão de obra nacional rende ¼ de um trabalhador americano, a política econômica de extensão de benefícios a alguns setores, de privilegiar outros, aliado ao controle equivocado de preços, como no caso da gasolina, com aumento no custo de produção agrava a crise. A sociedade brasileira precisa tomar decisões que quebrem práticas como, por exemplo, a questão de um banco nacional, como o BNDES, investir no exterior, enquanto a indústria, os portos, a cadeia produtiva do país precisa de investimentos e deveria ter prioridade”, destaca Dr. Marcos Fava Neves.

Segundo o estudioso, cada vez mais o Brasil se torna um agro país e é o agronegócio que vai alavancar a economia nacional. “O consumo mundial vai ter no Brasil um dos principais expoentes nos próximos anos, o mercado do agronegócio nacional tende a crescer e as projeções não são feitas por especialistas brasileiros, mas por  fontes internacionais”, argumenta Neves, lembrando que há um obstáculo deste crescimento no setor canavieiro que são as dívidas dos agricultores que, usualmente, estão atreladas a moeda americana. Por fim, o especialista reforçou a importância do fortalecimento das entidades de classe. “Não há produtores de cana sem associação forte”, disse ele, encerrando o ‘Caminhos da Cana’ em João Pessoa. Na ocasião, todos os participantes do projeto receberam um exemplar do livro ‘Caminhos da cana’, de autoria do palestrante, cujo conteúdo é uma coletânea de artigos opinativos sobre o setor sucroenergético nacional publicados em jornais do Brasil e do exterior.

No final da palestra,  Dr. Marcos Fava Neves, apresentou um resumo de uma pesquisa, coordenada pela Universidade de São Paulo, com apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp, que aponta seis ações primordiais que precisam ser adotadas e que foram apontadas por produtores de cana independentes. Melhorar minha produção no campo, melhorar a gestão do meu negócio, aumentar minha cultura associativista, melhorar minha atuação política, ser ativo na comunicação do setor e buscar melhores formas de relacionamento com as usinas foram as ações.

O evento Caminhos da Cana II é uma realização da Markestrat, sob a coordenação do professor Dr. Marcos  Fava Neves, com apoio da Orplana, Única, Ceise-BR, Fapesp, CASE-IH, Bayer e das associações de produtores de cana, a exemplo da Asplan. O coordenador do Departamento Técnico da Asplan (DETEC), Vamberto de Freitas Rocha, lembra que o evento fez parte do ciclo de palestras técnicas organizadas pelo DETEC e realizadas, periodicamente, para ampliar os conhecimentos dos produtores associados.

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Queimadas ilegais em canaviais prejudicou 435 mil paraibanos nos últimos cinco anos

palestra incendioIncêndios ilegais prejudicam as redes de alta tensão e à população que sofre com a interrupção no fornecimento de energia elétrica. 

Entre 2010 e 2015, a Energisa identificou 114 interrupções de energia e desligamento da rede de alta tensão causadas por queimadas ilegais em canaviais da Paraíba. Por conta disso, 161 mil clientes, 435 mil pessoas e quatro indústrias sofreram transtornos com a interrupção de energia. Essa prática ilegal realizada por terceiros é considerada criminosa e geralmente acontece durante o dia, quando o fogo é difícil de controlar. Produtores de cana-de-açúcar e unidades industriais usam apenas fogo controlado e programado durante a noite e dias da semana, respeitando as linhas de transmissão.

Para reduzir ou mesmo acabar com essa prática ilegal, a Energisa, a Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) e o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool e do Açúcar (Sindalcool) resolveram unir forças e formalizar uma parceria para coibir essa ação e, consequentemente, preservar a colheita segura e produtiva da cana-de-açúcar e a integridade da rede elétrica de alta tensão. A parceria inclui a realização de reuniões periódicas,  o mapeamento geo-referenciado das linhas de alta tensão localizadas em áreas de cultivo da cana-de-açúcar, corte antecipado da cana em baixo da rede elétrica, a adoção de algumas medidas protetivas, a divulgação de campanhas educativas na mídia impressa local, confecção de material educativo, além da iniciativa de expandir o projeto de ‘Eficiência Energética’ da Energisa às comunidades que têm maior incidência de incêndios.

Já dentro desta programação da parceria, nesta terça-feira (27), o gerente do Departamento de Manutenção e Transmissão da Energisa, Tercius Cassius, os engenheiros Francisco Célio e Nadja Trigueiro, e os coordenadores de Projetos, Carla Petrucci e Thyago Tanouss, participaram de um evento direcionado aos produtores de cana-de-açúcar, na sede da Asplan. Durante o encontro, Nadja Trigueiro detalhou a composição da fatura, explicou as diferenças de cobranças pela classificação dos clientes, falou sobre tarifa por demanda, apresentando oportunidades de enquadramento em perfil tarifário para redução da conta de energia elétrica. Francisco Célio explicou como funciona, quem tem direito, quais as vantagens e horários e como produtor pode requerer a Tarifa Irrigante ou Tarifa Verde.

Na sequência, Carla Petrucci falou sobre as oportunidades de redução da conta de energia elétrica relacionadas aos programas de eficiência energética, iniciando pelo projeto ‘Nossa Energia’, que existe desde 2010 e beneficia 247 mil consumidores na Paraíba. Neste caso, vai haver atuação nas comunidades próximas do setor canavieiro local. Outro programa, a ‘Conta Cidadã’ premia com bônus na conta de energia clientes cadastrados que encaminham material reciclável para os postos de coleta e ainda sobre os projetos de eficiência energética. Thyago Tanouss abordou o acesso à rede de distribuição e mini e microgeração de energia e Tercius Cassius encerrou as apresentações abordando essa parceria inédita, que já mapeou 186 km de linhas de alta tensão em canaviais na Paraíba e já formalizou um acordo entre as partes estabelecendo o respeito de 20 metros de distância de cada lado de postes de alta tensão, onde deve ser feito o corte antecipado da cana, antes da queima do canavial.

Segundo o diretor da Asplan, Oscar Gouvêa, essa ação conjunta é uma ajuda mútua onde todos se beneficiam.  “Com a formalização desta parceria entre a Energisa, Asplan e Sindalcool, vamos unir forças para juntos coibirmos essa prática ilegal que além de prejudicar a população ainda nos coloca, injustamente, como agentes causadores deste problema quando, na realidade, nós não temos nada a ver com essas queimadas ilegais”, afirma o diretor da Asplan.

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CNA defende política de desenvolvimento econômico especifico para produtores rurais do Nordeste

cns 201510A adoção de uma nova política de desenvolvimento econômico específica  para produtores rurais do Nordeste poderá resolver problemas crônicos da região e permitir um crescimento contínuo e sustentável, com distribuição de renda. Esse entendimento do Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, foi elogiado pelo presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso.

“Já reivindicamos esse tratamento diferenciado há muito tempo, principalmente, pelas diferenças regionais desfavoráveis, sendo o clima, a topografia, o grau de mecanização e o endividamento, as mais significativas”, argumenta Murilo. Ele lembra que a incapacidade financeira dos pequenos e médios produtores rurais de quitarem os financiamentos contratados junto aos bancos, em muitos casos, está inviabilizando a atividade de produção rural.

O presidente da CNA, João Martis, reforça essa argumentação do dirigente da Asplan. “É preciso um modelo econômico específico para a região, tendo em vista que medidas pontuais como a renegociação da dívida dos produtores, ação necessária e urgente para atender os agricultores, não resolvem mais o problema”, destaca Martins.

A questão do endividamento dos produtores nordestinos junto aos bancos, especialmente no caso do Banco do Brasil e do Nordeste, foi discutida nesta semana durante encontro do presidente da CNA com o deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB). João Martins informou ao parlamentar paraibano que a CNA está elaborando um documento contendo proposta, a ser encaminhada ao Governo Federal, com subsídios para solucionar, em definitivo, questões essenciais que se arrastam há décadas e impedem o crescimento sustentado da economia regional.

O presidente da Asplan lembra ainda que é  preciso um esforço conjunto de toda a classe política nordestina, especialmente dos deputados federais e senadores,  no sentido de proporem e aprovarem leis com esse tratamento diferenciado em relação  ao produtor nordestino. “Além da bancada nordestina no Congresso Nacional propor novos caminhos, é preciso chamar atenção dos demais parlamentares do país para a importância da busca de uma solução definitiva para o problema do endividamento dos produtores rurais do Nordeste  que se arrasta há décadas e nunca foi resolvido”, desabafa Murilo.

Um resumo dos estudos que estão sendo feitos pela CNA mostra o nível de comprometimento dos pequenos produtores rurais da região  junto aos bancos. Segundo dados da Confederação, em 2008, existiam 35 mil produtores inscritos na dívida ativa, correspondendo a R$ 8 bilhões. Em 2015, o número de agricultores subiu para 150 mil e o volume da dívida atingiu R$ 15 bilhões, levando-se em conta dados consolidados da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). A maior parte dos devedores é pequeno produtor rural, com dívidas de até R$ 50 mil.

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