20 de fevereiro de 2025

Quem derruba mais a produtividade da cana é a falta de água afirma Dr. Emídio Cantídio durante palestra na Asplan

“Quem derruba a produtividade é a falta de água, pois ela é fundamental para hidratar a planta e dar a ela a condição de absorver bem os nutrientes. Não adianta fazer algo se não tem o veículo de absorção. Então quando a gente começa a entender que água é importante e os manejos são dependentes dessa água, a gente começa a desenhar o canavial em função do déficit hídrico”, Essa afirmação abriu a palestra proferida pelo Professor Dr. Emídio Cantídio, sobre ‘Atualização do manejo da adubação e nutrição da cana-de-açúcar’’, nesta segunda-feira (17), na sede da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), em João Pessoa.
Dr. Emídio lembrou, na ocasião, que a planta só cresce com nutrição e mostrou vários experimentos onde a associação do manejo correto, com irrigação, surtiu efeitos positivos sobre a produtividade das lavouras. Dr. Emídio lembrou que não se pode mais pensar apenas em uma adubação simples. “A gente tem que começar a buscar alternativas e existem várias. É preciso também dar mais importância aos micronutrientes nos tabuleiros, pois eles potencializam tudo”, complementou ele, mostrando dados de adubação e seus resultados positivos baseados em experimentos de campo em várias propriedades.
Segundo ele, o que tem sido feito para obtenção de melhores resultados é aplicar auxina para estimular o crescimento, ocitocinina para deixar a folha mais verde por mais tempo, aumentando o crescimento em altura, aminoácidos voltados para estresse, ou seja, produtos que tenham ácido glutâmico ou prolina que desestressam a planta e são estimulantes voltados à produção de amido e sacarose. Sobre a necessidade de controlar o estresse, ele lembrou que as tecnologias atuam diretamente nos processos fisiológicos da planta, aumentando a eficiência de uso de nutrientes, estimulando o desenvolvimento vegetativo e amenizando os estresses ocasionados a planta pelos fatores bióticos e abióticos. “Estamos, atualmente, com o foco na planta, entendendo melhor a fisiologia dela, não mais com aquela receitinha de bolo padrão, a busca agora é por melhores respostas”, frisou ele.
Segundo o professor, é preciso tratamento, micronutrientes, adubação pré-seca (adubação foliar voltada para seca), para ela ir para o período de seca com mais biomassa, fazendo com que esse canavial passe melhor pelo período de estiagem. “Levem isso para o campo, colham os resultados e a gente vai ajustando. Isso é uma ideia a partir de um manejo novo que a gente está vivenciando no campo para ter um canavial cada vez mais produtivo”, afirmou Emídio. Sobre o consumo ideal de água, segundo estudos, 1 TCH necessita de 10 a 15mm, o que equivaleria a 100 TCH de 1000 a 1500mm, no ciclo, distribuídos de forma uniforme.
O evento, direcionado aos produtores canavieiros e que faz parte do ciclo de palestras promovido pelo Departamento Técnico (Detec) da entidade, foi aberto pelo segundo vice-presidente da Asplan, Raimundo Nonato, e pelo diretor do Detec, Neto Siqueira. Ambos destacaram a importância do momento e da iniciativa da Associação em proporcionar momentos de aprendizado e ampliação de conhecimentos para os produtores paraibanos. “Hoje tivemos duas grandes palestras, de profissionais renomados e que entendem muito do que falaram e que trouxeram informações importantes para a gente melhorar a produtividade de nossa cultura”, destacou Nonato também se referindo a segundo palestra do dia com o meteorologista Dr. Alexandre Magno, que abordou as perspectivas climáticas para 2025.

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Especialista em climatologia prevê boas chuvas para a Paraíba nos próximos meses

“O setor centro-leste da Paraíba, representando as regiões do Agreste, Brejo e Litoral tem um período mais chuvoso de abril a julho. As chuvas de janeiro e fevereiro são muito representativas para as atividades agrícolas e, principalmente, para início da recarga dos reservatórios, sendo característico de que quando o ano começa com chuvas abundantes, há uma início de recarga nos reservatórios. Em anos que essas chuvas são fracas, não se constuma ter uma recarga plena. Então, temos um período de chuvas promissor, com chuvas acima da média”. Essa afirmação foi feita nesta segunda-feira (17), pelo Doutor em Meteorologia, Dr. Alexandre Magno, durante palestra promovida pelo Departamento Técnico (Detec), da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), em João Pessoa.

Durante a palestra, o meteorologista também fez uma análise dos registros da ocorrência de precipitações pluviométricas entre julho de 2024 até os dias atuais, mostrando que o quadro de poucas chuvas observado no segundo semeste do ano passado, começou a reverter a partir de dezembro, com o começo do aquecimento das águas do oceano Atlântico, determinando a importância que tem essa condição do oceano para que melhore a regularidade das chuvas no Nordeste.

Sobre Janeiro último, ele observou que houve chuvas significativas, chovendo acima do normal em todas as regiões, a exemplo do Litoral Sul que regisrou chuvas que atingiram mais de 200% acima da média histórica. Já em fevereiro, até o dia 15, apenas a região da Mata Paraibana teve chuvas acima da média, em torno de 80%, acima da média. Em março e abril, estão previstas condições de chuvas bem representativas.

“Hoje temos a perspectiva de uma La Nina fraca a moderada e sua configuração atual está sendo favorável a um período de chuvas mais regulares, já que temos as principais chuvas a partir de abril”, explicou ele.

Ainda segundo o especialista, com a La Nina a perspectiva normal é de chuvas representativas sobre o Nordeste, embora isso não seja uma regra. “Lembremos que em 1999 tivemos a maior La Nina do século, mas que ficou 5% mais seco que o ano anterior, porque o Atlântico estava extremamente frio e não tinha uma condição de favorável para chuvas na região”, explicou Dr. Alexandre.

Ele destacou ainda que os modelos mostram a possibilidade da chegada de um fenômeno El Nino, em meados de junho. “Nestes próximos três meses deveremos ter condições favoráveis. Isso não significa garantia de chuvas abundantes, mas de uma perspectiva melhor”, reiterou o meteorologista.

Os modelos de estudo, segundo ele, começam a mostrar que toda a bacia tropical Sul do Atlântico está aquecendo e toda bacia Norte do Atlântico está resfriando. “Isso daria um indicativo de um dipolo favorável, com indicativo de chuvas mais repesentativas para o Nordeste”, disse ele.

Segundo o especialista, os modelos mostram que até o próximo trimestre se desenha um quadro muito positivo para o Nordeste, com um aquecimento contínuo do Atlântico, o que já ocorre há quase dois anos. “Mantendo-se essa situação de aquecimento das águas do Atlântico temperatura, indicativo nos modelos, devemos permanecer nesta mesma situação até maio, favorecendo o período de chuvas”, finalizou Dr. Alexandre.

O diretor do Detec, Neto Siqueira, afirmou que as previsões trouxeram bastante alivio para os produtores. “É muito bom saber que temos previsão de boas chuvas, pois isso faz toda a diferença em nossa atividade e nos permite uma programação mais assertiva”, disse Neto, agradecendo a participação do palestrante no evento promovido pela Asplan.

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