O evento trouxe personalidades do setor que expuseram temas técnicos e políticos. Entre os temas técnicos estiveram o manejo do solo, melhoramento de variedades e irrigação.
Um perfil do setor canavieiro nordestino, com seus problemas e desafios, bem como algumas soluções para a sustentabilidade do segmento foram abordados no I Encontro Técnico de Produtores de Cana-de-Açúcar do Estado da Paraíba, realizado nesta quarta-feira (05) na Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), em João Pessoa. O evento reuniu cerca de 150 produtores de cana e estudantes para a exposição de importantes personalidades da cultura sucroalcooleira como Paulo Leal, presidente da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana); Gregório Maranhão, Consultor especialista em questões do segmento; Iêdo Teodoro, professor ligado à Ridesa; Gilson Moura Filho, engenheiro agrônomo; dentre outros.
Ao lado do presidente da União Nordestina de Produtores de Cana (Unida), Alexandre Lima, do presidente da Feplana, Paulo Leal, do secretário de Estado da Agricultura, Rômulo Montenegro, e do presidente da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), Lourenço Lins, o presidente da Asplan, Murilo Paraíso, abriu o encontro explicando que o objetivo do evento era o de atualizar os produtores quanto ao que está acontecendo em âmbito nacional em defesa da atividade e repassar informações técnicas para o aumento da produtividade dos campos. “Quero agradecer a presença de todos e dizer que este evento é justamente para que possamos entender o que se passa em âmbito nacional, no Congresso e também no Governo Federal, e tentar ver o que podemos fazer para salvar nossa plantação e aumentar nossa produtividade”, disse o dirigente.
As duas primeiras exposições do dia, uma realizada pelo presidente da Feplana, Paulo Leal, e outra pelo consultor Gregório Maranhão, trataram do perfil e importância econômica da atividade no Brasil e na região nordestina. Já no início de sua palestra, Paulo Leal, da Feplana, mostrou a importância da atividade afirmando que para cada R$ 1,00 investido na atividade canavieira, outros R$ 13,00 são gerados. Além disso, ele apresentou dados que comprovam que o setor emprega mais de um milhão de pessoas. “Mesmo assim, o setor ainda sofre com a falta de uma política pública que o regulamente e proteja. Os custos subiram 25% nos últimos 4 anos e das 460 unidades industriais que processam a cana no país, já houve a quebra financeira de 87 e outras ainda estão por quebrar”, alertou Paulo Leal.
Gregório Maranhão, por sua vez, destacou que 6 milhões de habitantes no país vivem da cultura da cana. A Paraíba, disse ele, possui 35 municípios dependentes da cultura canavieira. “No estado, são cerca de 700 mil habitantes que sobrevivem da cana e hoje vemos que a Paraíba só tem oito unidades industriais. Quinze anos atrás eram 16 Esses são registros fundamentais para compreender a atividade hoje”, disse o consultor, lembrando também a necessidade de uma agencia reguladora. “Temos que lutar por uma reguladora para garantir que os absurdos cometidos pela Petrobras de importar essa quantidade de gasolina não volte a se repetir”, afirmou.
Palestras técnicas
As palestras técnicas tiveram início com a apresentação do pesquisador da Estação Experimental de Carpina/UFRPE, Francisco Dutra, que tratou dos desafios do setor diante do aumento significativo dos custos. Segundo ele, as principais questões estão relacionadas à baixa produtividade da cana, ao aumento dos salários dos funcionários, à difusão de tecnologias, ao crescimento da demanda, à falta de crédito e, mais uma vez, à falta de políticas públicas. “Na Paraíba temos uma capacidade de moagem de pouco mais de oito milhões de toneladas, mas temos uma média de safras de pouco mais de cinco milhões. se tivéssemos condições de investir mais nos campos, o setor poderia gerar mais 34 mil empregos”, frisou o pesquisador.
Após a palestra de Dutra, seguiram com suas apresentações Antônio Rosário, engenheiro agrônomo da Ridesa, que expôs sua experiência com o melhoramento de algumas variedades na usina Coruripe, em Alagoas; Gilson Moura Filho, engenheiro agrônomo da Ridesa, que falou sobre o manejo do solo; e Iêdo Teodoro, professor ligado à Ridesa, que tratou de irrigação. Os temas abordados mostraram ao produtor de cana a importância de se investir no campo adquirindo-se mudas de qualidade, fazendo irrigação e cuidando do solo. “A gente vê que o produtor que investe, ele cresce. Um exemplo disso é que prestamos consultoria para um produtor nessa ultima safra para o manejo do solo e ficamos um segundo lugar em Alagoas em quantidade de cana”, disse Gilson Moura, engenheiro agrônomo especializado em manejo do solo.
Além disso, também expuseram seus temas o engenheiro agrônomo, Thiago Falcão, que apresentou soluções de irrigação com Alas Móveis da empresa Raesa, e o Doutor em Ciências Florestais, Ricardo Matos, da RM Florestal, que fez uma exposição sobre as vantagens do Eucalipto como investimento para longo prazo para o produtor de cana. Para o estudante de agronomia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Josevaldo Ribeiro, o evento atingiu seu objetivo de atualizar as pessoas quanto aos principais temas que envolvem a atividade. “O encontro foi muito bem aproveitado. Gostei especialmente das palestras que trataram do melhoramento das variedades e sobre o manejo do solo”, afirmou o estudante, parabenizando a iniciativa da Asplan.