Especialista em climatologia prevê boas chuvas para a Paraíba nos próximos meses

Especialista em climatologia prevê boas chuvas para a Paraíba nos próximos meses

“O setor centro-leste da Paraíba, representando as regiões do Agreste, Brejo e Litoral tem um período mais chuvoso de abril a julho. As chuvas de janeiro e fevereiro são muito representativas para as atividades agrícolas e, principalmente, para início da recarga dos reservatórios, sendo característico de que quando o ano começa com chuvas abundantes, há uma início de recarga nos reservatórios. Em anos que essas chuvas são fracas, não se constuma ter uma recarga plena. Então, temos um período de chuvas promissor, com chuvas acima da média”. Essa afirmação foi feita nesta segunda-feira (17), pelo Doutor em Meteorologia, Dr. Alexandre Magno, durante palestra promovida pelo Departamento Técnico (Detec), da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), em João Pessoa.

Durante a palestra, o meteorologista também fez uma análise dos registros da ocorrência de precipitações pluviométricas entre julho de 2024 até os dias atuais, mostrando que o quadro de poucas chuvas observado no segundo semeste do ano passado, começou a reverter a partir de dezembro, com o começo do aquecimento das águas do oceano Atlântico, determinando a importância que tem essa condição do oceano para que melhore a regularidade das chuvas no Nordeste.

Sobre Janeiro último, ele observou que houve chuvas significativas, chovendo acima do normal em todas as regiões, a exemplo do Litoral Sul que regisrou chuvas que atingiram mais de 200% acima da média histórica. Já em fevereiro, até o dia 15, apenas a região da Mata Paraibana teve chuvas acima da média, em torno de 80%, acima da média. Em março e abril, estão previstas condições de chuvas bem representativas.

“Hoje temos a perspectiva de uma La Nina fraca a moderada e sua configuração atual está sendo favorável a um período de chuvas mais regulares, já que temos as principais chuvas a partir de abril”, explicou ele.

Ainda segundo o especialista, com a La Nina a perspectiva normal é de chuvas representativas sobre o Nordeste, embora isso não seja uma regra. “Lembremos que em 1999 tivemos a maior La Nina do século, mas que ficou 5% mais seco que o ano anterior, porque o Atlântico estava extremamente frio e não tinha uma condição de favorável para chuvas na região”, explicou Dr. Alexandre.

Ele destacou ainda que os modelos mostram a possibilidade da chegada de um fenômeno El Nino, em meados de junho. “Nestes próximos três meses deveremos ter condições favoráveis. Isso não significa garantia de chuvas abundantes, mas de uma perspectiva melhor”, reiterou o meteorologista.

Os modelos de estudo, segundo ele, começam a mostrar que toda a bacia tropical Sul do Atlântico está aquecendo e toda bacia Norte do Atlântico está resfriando. “Isso daria um indicativo de um dipolo favorável, com indicativo de chuvas mais repesentativas para o Nordeste”, disse ele.

Segundo o especialista, os modelos mostram que até o próximo trimestre se desenha um quadro muito positivo para o Nordeste, com um aquecimento contínuo do Atlântico, o que já ocorre há quase dois anos. “Mantendo-se essa situação de aquecimento das águas do Atlântico temperatura, indicativo nos modelos, devemos permanecer nesta mesma situação até maio, favorecendo o período de chuvas”, finalizou Dr. Alexandre.

O diretor do Detec, Neto Siqueira, afirmou que as previsões trouxeram bastante alivio para os produtores. “É muito bom saber que temos previsão de boas chuvas, pois isso faz toda a diferença em nossa atividade e nos permite uma programação mais assertiva”, disse Neto, agradecendo a participação do palestrante no evento promovido pela Asplan.