Nº 03/2023 - 15 DE JUNHO DE 2023

APESAR DA ATUAÇÃO DO FENÔMENO EL NIÑO, PRECIPITAÇÕES DO MÊS DE JUNHO JÁ ULTRAPASSARAM A MÉDIA DO MÊS

PRECIPITAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS – JUNHO/2023

Figura 01 – Precipitação acumulada no período de 01 a 15 de junho de 2023. Fonte: www.aesa.pb.gov.br
Esta primeira quinzena de junho, apesar da presença do fenômeno El Niño, que normalmente traz irregularidade na evolução das precipitações sobre o Nordeste do Brasil, apresentou acumulado de precipitações que ultrapassaram os 300,0 mm mensais nos municípios de Cabedelo: 376,4 mm e João Pessoa: 305,3 mm, ambos totais registrados já ultrapassaram a média do mês de junho. Os maiores totais se concentraram na faixa litorânea, Figura 01, e apresentaram maior regularidade neste segundo decêndio do mês com precipitações pluviométricas representativas. Demais valores acumulados no mês, também representativos e acima dos 200,0 mm foram observados nos municícpios do Conde: 224,1 mm, Baía da Traição: 215,1 mm, Rio Tinto: 211,7 mm e Santa Rita: 205,5 mm. Ainda no decorrer deste segundo decêndio as precipitações deverão permanecer com certa regularidade e deveremos ter mais precipitações pluviométricas representativas

TENDÊNCIA TEMPO E CLIMA

Figura 02 – Temperatura da Superfície do Mar sobre os Oceanos Pacífico e Atlântico (tons em vermelho representam temperaturas da água acima da média, em azul abaixo). Fonte: www.cptec.inpe.br

Conforme análise das temperaturas dos Oceanos Pacífico e Atlântico no período de 04 a 10 de junho, Figura 02, observa-se sobre o Oceano Pacífico tropical a persistencia de temperaturas acima da média em praticamente toda a sua bacia tropical, representativa a presença do fenômeno El Niño sobre a região, mas demonstra-se de baixa magnetude e com restrição na sua área de atuação. Sobre o Oceano Atlântico tropical, persiste a condição de anomalias positivas, ou seja, temperaturas acima da média próximo a costa leste do Nordeste do Brasil e que tem induzido a manutenção das instabilidades, do oceano para o continente mantendo a condição de melhor regularidade das precipitações e minimizando os efeitos do fenômeno El Niño, sobre o litoral paraibano.

Assim, em virtude das atuais condições sobre os Oceanos Pacífico e Atlântico as precipitações deverão se manter com maior regularidade no decorrer desta segunda quinzena do mês de junho, reduzindo gradativamente no final do mês os totais registrados no setor leste da Paraíba, regiões do Agreste, Brejo e Litoral, em virtude da mudança das oscilações transientes que devem passar para a fase desfavorável e reduzir as instabilidades no continente.

Apesar da atuação já efetiva do fenômeno El Niño, ainda com evolução lenta e de intensidade fraca a moderada, o mesmo não tem trazido muita irregularidade sobre o período mais chuvoso do setor leste da Paraíba e a condição das temperaturas mais aquecidas sobre o Oceano Atlântico tem minimizado os efeitos sobre a região. Mesmo assim, a grande maioria dos modelos de previsão climática tem mantido perspectivas de precipitações pluviométricas oscilando de normal a abaixo da média histórica.

Figura 03 – Previsão da precipitação de 15/06 a 23/06 (A) e de 23/06 a 30/06 (B). Áreas em vermelho indicam precipitações representativas acima de 100,0 mm e tons verdes indicam precipitações pluviométricas fracas a moderadas. Fonte: GRADS/COLA

Conforme as perspectivas de previsão da evolução da precipitação para a segunda quinzena do mês de junho e de acordo com resultado do modelo do GRADS/COLA (EUA), Figura 03, as precipitações deverão continuar mais regulares e com valores mais representativos no período de 15/06 a 23/06, Figura 3(A) com totais acumulados, previstos, superiores a 150 mm no período. Já na Figura 3(B), as previsões apontam para perspectivas de redução dos totais observados para o final do mês de junho, com um perído de chuvas mais amêno e menor regularidade das precipitações sobre toda a faixa litorânea do Nordeste do Brasil.

Apesar da redução das precipitações no final do mês de junho, a permanência do aquecimento das águas do Oceano Atlântico tropical deverá regularizar as precipitações no decorrer do mês de julho e agosto, principalmente no decorrer do mês de julho, onde a presença dos distúrbios ondulatórios de leste deverão ser alimentados pelas instabilidades do Oceano Atlântico e as oscilações intrasazonais (oscilação de Madden & Julian) devem continuar modulando as precipitações na região de forma a reduzir a irregularidade ocasionada pelo fenômeno El Niño.