22 de julho de 2013

Governo do Estado distribuirá 8.400 toneladas de cana-semente para produtores do Brejo e Litoral paraibanos

A ação é o primeiro passo para a instalação de um banco de sementes de cana na Paraíba. O projeto é inédito no estado e prevê a distribuição contínua de sementes para elevar a produtividade dos canaviais

A partir da safra 2013/2014 os produtores de cana-de-açúcar da Paraíba contarão com uma novidade que deve revitalizar a atividade de canavieira no estado. Trata-se de um projeto do Governo do Estado, que através da Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), pretende formalizar o que se chama de “banco de sementes” na Paraíba. Para esta safra, deverão ser distribuídas 8.400 toneladas de cana-semente para cerca de 700 produtores do Brejo e Zona da Mata (Litoral) paraibanos. A iniciativa do governo resulta de um pleito da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) que, em audiência com Governador, Ricardo Coutinho, apresentou, no ano passado, a situação desastrosa dos produtores de cana paraibanos em função dos estragos causados pela pior seca dos últimos anos.

Segundo o Secretário Executivo de Estado da Agricultura, Rômulo Montenegro, a ideia do projeto, que também é inédito na Paraíba, é distribuir, até a primeira quinzena de agosto, 12 toneladas de cana para cada produtor selecionado conforme a avaliação técnica da própria Sedap e entidades a ela vinculadas. A quantidade, de acordo com Rômulo, é satisfatória para que cada produtor possa plantar agora e depois ainda devolver as 12 toneladas na próxima safra. Aliás, salienta o secretário, essa é a pretensão do projeto: entregar a semente ao produtor para que ele possa revitalizar seus campos e, na próxima safra, o mesmo produtor devolver a quantidade de sementes que pegou para que estas também sirvam para outros produtores.

O raciocínio realizado, afirma Rômulo, é de que 12 toneladas de semente de cana são suficientes para plantar um hectare na Paraíba, sendo que, este mesmo hectare, na próxima safra, deve representar cerca de 60 toneladas de cana. “Essa é uma ideia do banco de sementes de cana que vai gerar a melhoria de nossa produtividade sem aumentar a área de plantio no estado e sem aumentar as despesas tanto do governo quanto dos produtores. Esperamos que o projeto seja contínuo e que beneficie diversos produtores de cana, assim como o governo já faz com o banco de sementes de feijão, de sorgo, milho, batata, entre tantas outras culturas”, lembra o secretário.

Para o banco de sementes de cana terão prioridade os pequenos produtores, os fornecedores de cana dos engenhos do Brejo paraibano e os produtores pertencentes à Agricultura Familiar. Rômulo Montenegro destaca que o Brejo possui cerca de 16 engenhos de cachaça e rapadura, e cerca de 150 mil pessoas dependem da safra de cana-de-açúcar. Por esse motivo, das 8.400 sementes de cana disponíveis inicialmente no banco de sementes, 50% serão destinadas à região. “É uma região culturalmente e socialmente dependente da cana. Por isso, o governo vai destinar 50% dessas sementes para a região. As demais sementes serão distribuídas na Zona da Mata, litoral paraibano”, disse.

Outro aspecto importante da oficialização do banco de sementes é que o governo também distribuirá variedades de cana já conhecidas e aprovadas pelos produtores da Paraíba: a RB 92-579 e a RB 86 – 7515, que são plantas que se adaptam bem ao clima e solo da região. Ao todo, de acordo com o engenheiro agrônomo e Gerente Executivo de Abastecimento da Sedap, Benélio Francisco de Araújo, serão distribuídas 4.440 toneladas da RB 579 e 3.960 toneladas da RB 7515. Benélio salienta que embora as sementes sejam resistentes, o governo também está se preocupando em realizar a entrega da cana ainda durante o tempo de plantio de mudas. “Estamos apenas finalizando a parte burocrática e de licitação da empresa que fará essa distribuição para dar início à ação nas primeiras semanas de agosto”, afirma o engenheiro agrônomo, acrescentando que a expectativa é de que cada cidade que tenha produtor de cana beneficiado pelo projeto receba um polo de distribuição das cana-semente.

Para acompanhar a divulgação dos beneficiados, os produtores podem se informar através da Asplan, que encaminhou a lista dos produtores de cana paraibanos associados à Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap) para triagem técnica. Para o presidente da Asplan, Murilo Paraíso, a distribuição de sementes fortalecerá a produção de cana no estado após a grande seca que abalou a atividade na Paraíba. “Com essa ajuda, os pequenos produtores poderão adquirir boas variedades e elevar sua produtividade sem custos. Isso, sem dúvida, é uma ótima notícia. Por isso, também desejamos que o banco de sementes seja permanente, até para ajudar o produtor em um momento difícil seja ele causado por seca ou por uma praga”, finaliza Murilo.

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O Brasil não está preparado para o aumento da demanda por etanol que se elevará bastante até 2020

Dados da Datagro, uma das maiores consultorias de etanol e açúcar do mundo, apontam que o Brasil pode precisar de até 1,4 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar em 2020 para atender à sua demanda, principalmente por etanol. O panorama foi apresentado na última sexta-feira (05) pelo presidente da  Datagro, Plínio Nastari, em Londres. Segundo a consultoria, na safra 2012/2013, o Brasil produziu 588,2 milhões de tonelada de cana-de-açúcar. Nas estimativas de Nastari, para os próximos anos, o país terá que produzir pelo menos mais um bilhão de toneladas de cana em 2020 para atender ao aumento da demanda por combustível provocado especialmente pelo uso do etanol na frota brasileira de veículos.

Para o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso, esse é um cenário já esperado pelos canavieiros diante da falta de incentivo para a produção de cana no país. “A falta de uma norma reguladora do setor que permita o abastecimento interno de combustível com folga e a carência de políticas públicas para resguardar o setor em meio às crises causadas por secas e pelo baixo preço de comercialização da cana serão os principais motivos que nos levarão a essa lacuna. E isso tende a piorar com a importação de gasolina que também tende a crescer por falta de etanol”, alertou o dirigente da Asplan

Ainda de acordo com a Datagro, em um cenário menos otimista, com 40% da frota brasileira utilizando etanol a demanda será de um bilhão de toneladas de cana em 2020. Em um cenário intermediário, com uso do combustível por 60% dos carros que circulam no Brasil, a demanda alcançaria 1,2 bilhão de toneladas. O cenário projetado para a demanda de 1,4 bilhão de toneladas de cana, conforme o presidente da  Datagro, Plínio Nastari, é para o caso de o etanol ser a opção de 80% dos veículos no Brasil em 2020.

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