1 de fevereiro de 2014

Especialista diz que setor sucroalcooleiro do NE pode recuperar 16 milhões de toneladas de cana e 70 mil empregos perdidos nos últimos 20 anos

mario evento2A informação é do consultor especialista em questões do setor sucroalcooleiro, Gregório Maranhão, que ministrou uma palestra na Asplan tratando da crise do setor no NE

A crise do setor sulcroalcooleiro provocada, principalmente, pela falta de políticas publicas capazes de fixar preços justos de combustíveis e estimular a produção de cana-de-açúcar no país, levou a Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) a promover, nesta quinta-feira (30), duas palestras que deram importantes contribuições em termos de perspectiva política, econômica e climática para o setor. O evento reuniu diversos produtores e dirigentes industriais do Estado, no auditório da Asplan, em João Pessoa. O primeiro momento foi comandado pelo consultor especialista em questões do setor sucroalcooleiro, Manoel Gregório Maranhão, que tratou da crise política e econômica do segmento, com ênfase no Nordeste.

Gregório Maranhão falou da crise, do desemprego no Nordeste e do recém-criado comitê de recuperação do segmento em Brasília. Em sua explanação, o consultor disse que o setor no Nordeste precisa recompor 16 milhões de toneladas de cana perdidas nos últimos 20 anos devido à queda da produtividade na região. “Tínhamos uma produção de 70 milhões de toneladas de cana e hoje temos 54 milhões. O setor cresceu 20% no ano passado no Centro/Sul, mas no Nordeste encolheu 25%. Isso também representa 70 mil empregos perdidos que podem ser recuperados se o setor tiver apoio para se recompor. A fábrica da Fiat, em Pernambuco, emprega muitas pessoas agora na construção de seu parque, mas esse desenvolvimento é ameaçado, porque quando tudo estiver pronto, a Fiat não vai empregar nem 10% dessas pessoas e o setor sucroalcooleiro tem capacidade para geração de muitos empregos e isso precisa ser disseminado para sensibilizar as autoridades”, disse Gregório, abrindo sua palestra.

O especialista continuou, no entanto, dizendo que o setor pode ter esperanças, pois o governo federal acaba de criar o que chamou de Comitê Temático Interinstitucional para Recuperação do Setor Sucroenergético da Região Nordeste. O Investimento em inovação, o aumento da produção, o elevado endividamento das empresas e baixo nível de mecanização e modernização tecnológica, devem ser temas constantes nas reuniões do Comitê, criado pelo Ministério da Integração Nacional (MI) e integrado pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene, setor industrial, fornecedores de cana-de-açúcar, Contag, Banco do Brasil, BNB, BNDES e Ministérios da Integração (MI), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Fazenda (MF) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

“Vamos anunciar a existência desse comitê para sociedade e cobrar do governo ações de recuperação do setor. Vamos aproveitar a oportunidade e colocar tudo na mesa a anunciar a oferta dos empregos perdidos. O setor está pronto para ter 70 mil novos empregos anunciados, nos oito estados do Nordeste, só precisa de incentivo”, afirmou Gregório. Ele também defendeu a permanência da subvenção econômica do setor e a presença de uma agência reguladora. Para ele, esses assuntos também devem ser levados ao Comitê. “Essa subvenção deveria ser permanente e não favor político. Ela deveria ser respaldada em lei porque só assim o setor nordestino consegue competir com o centro-sul”, destacou o especialista, conclamando o segmento a dar “status” ao Comitê criado.

Ao final do evento, a diretoria da Asplan, representada na ocasião pelo seu presidente, Murilo Paraíso, pelo seu vice, Pedro Jorge Coutinho; pelo Diretor Adjunto, José Inácio de Morais; pelo Diretor Tesoureiro, Oscar de Gouvêa e pelo Diretor Secretário, Raimundo Nonato, agradeceu as informações repassadas pelo consultor. “Temos uma missão agora que é a de fazer um projeto de recuperação do setor. Ano passado tivermos dois problemas: a seca e o preço da cana muito baixo. Este ano não temos mais seca, mas temos o preço que continua sem remunerar bem o produtor. Vamos acreditar e ir à luta”, declarou José Inácio de Morais, encerrando a palestra.

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Fornecedores de cana recebem a notícia de que 2014 será um ano livre de seca nos estados produtores do NE

mario evento

A informação foi repassada pelo meteorologista e professor Mário de Miranda que, estudando os oceanos, disse não ver anormalidades na formação de nuvens de chuvas

Os produtores da cana-de-açúcar que estiveram reunidos nesta quinta-feira (30) no auditório da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) e participaram da palestra ministrada pelo meteorologista e professor do colegiado de Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Mário de Miranda, saíram do evento com boas notícias. Isto porque durante sua palestra Mário mostrou que o comportamento dos oceanos está normal e que para os próximos meses de 2014, a previsão é de chuvas dentro da normalidade, assim os estados produtores de cana do Nordeste estarão livres de secas.

Segundo ele, as chuvas no litoral se formam do aquecimento das águas do oceano (que evaporam e formam nuvens que precipitam) e, até pelo menos o mês de março, os mares se encontram dentro da normalidade, sem previsão de resfriamento na costa brasileira ou de aquecimento da costa do pacífico, o que caracterizaria o fenômeno El Nino. “As nuvens de chuva se formam nos mares e, na costa do Nordeste está dentro da normalidade. Não se vê nenhum sinal de resfriamento ou de superaquecimento, o que nos leva à previsão de que teremos chuvas dentro da normalidade e, portanto, não temos como falar em seca este ano”, disse Miranda, tranquilizando os produtores de cana.

Ele explicou ainda que para os próximos 10 dias, no litoral paraibano, a chance de chover é razoável, sendo março um mês melhor e abril o início da temporada de chuvas no estado. “Deve chover pouco nos próximos dias e, em fevereiro, a média deve ficar na média ou um pouco abaixo, mas março será um pouco melhor e em abril teremos o início do período chuvoso propriamente dito”, anunciou o professor, mostrando que as perspectivas são positivas. “Não vemos nada de anormalidade nos oceanos”, lembrou.

Para concluir sua explanação, Mário mostrou alguns dados estatísticos nos quais também fica comprovado que a seca é um fenômeno cíclico e que algumas “crendices” devem sim ser levadas a sério. Em 1958, por exemplo, Mário contou que viu uma das piores secas no Brasil. “Nasci em Patos e lá vi muita gente passando necessidade. Naquela década (1950) o oceano atlântico na costa do Nordeste estava frio. Situação que também aconteceu nas décadas de 1910 e 1990, ou seja, isso ocorre a mais ou menos a cada 40 anos”, afirmou. Por outro lado, o meteorologista também apresentou uma sequencia de informações que levam a crer que alguns anos são sempre bons para a agricultura.

“Dizem que todo ano quatro é bom de chuva”, brincou o professor, mostrando que em 1974 a média de chuvas na cidade de Piancó, sertão paraibano, saltou de 751 milímetros para 2.500 mm. Em Patos o mesmo fenômeno: em 1924 a cidade recebeu uma precipitação de 2.400 mm de chuva e isso aconteceu durante vários anos terminados em quatro – 1914, 1924, 1964, 1974, 1984, 1994 e 2004, apenas nos anos de 1934, e principalmente em 1944 e 1954, os índices de chuvas na Paraíba foram um pouco abaixo da média. Já no ano 2004, não é nem necessário comentar todos acompanharam a grande precipitação em todo o Nordeste, disse o professor. Comemorando a chegada do ano de 2014, após os agricultores terem amargado uma seca em 2013.

Para o presidente da Asplan, Murilo Paraíso, a palestra tranquilizou os produtores porque, embora não tenha sido anunciado que 2014 será um ano chuvoso, as perspectivas de chuvas regulares servirão para amenizar a situação da seca e evitar o agravamento da falta d’água. “Os produtores estão otimistas e esperam salvar um pouco do que lhes resta nesta safra”, disse o dirigente da Asplan, agradecendo as informações do professor Mário de Miranda.

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