23 de abril de 2017

‘Sem a análise e correção do solo não há eficácia na adubação’ afirma especialista em solo e nutrição de plantas

Professor Dr. Emídio Cantídio Almeida, do DEPA/UFRPE, proferiu palestra, nesta quarta-feira (19), para produtores de cana da Paraíba, na sede da Asplan

Para atingir a eficiência na aplicação dos nutrientes, é necessária a análise do solo e análise foliar a fim de detectar e corrigir as deficiências apresentadas pela cultivar. Sem a devida correção, não haverá eficácia na adubação. Essa afirmativa feita pelo professor Dr. Emídio Cantídio Almeida, do DEPA/UFRPE, durante a palestra “Correção do Solo e Manejo Nutricional da Cana-de-açúcar cultivada nos solos da Paraíba’’, realizada nesta quarta-feira (19), na sede da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), parece óbvia, mas, nem sempre é seguida à risca pelos produtores rurais, o que causa perdas de produtividade, além de desperdício de recursos.

“A análise e correção do solo são etapas fundamentais para um bom plantio porque, só assim se terá uma melhor resposta da adubação e, consequentemente, do desenvolvimento da planta”, disse o professor Emídio, lembrando que os solos onde se planta cana na Paraíba têm deficiência de fósforo e baixo PH sendo, portanto, necessário, a correção com calcário, fósforo e magnésio. Durante sua palestra, Dr. Emídio mostrou através de fotografias e gráficos, várias experiências nutricionais, de diversos experimentos, que demonstraram a diferença da evolução da planta e, consequentemente, de sua produtividade, quando acontece uma adubação adequada, no tempo certo.

O professor destacou a importância da escolha dos produtos a serem utilizados na correção e adubação do solo, lembrando que o produto pode ser excelente, mas colocado em quantidade insuficiente ou desnecessariamente vai prejudicar a planta ao invés de contribuir para sua produtividade. “O gesso, por exemplo, se for colocado em excesso pode ocasionar perdas para a planta”, disse ele.

O produtor Neto Siqueira apresentou, na ocasião, resultados de um experimento na fazenda Maracanã, em Santa Rita, de propriedade de sua família, que comprova tudo o que o professor Emídio colocou como fundamental em qualquer cultivo e que aumenta a produtividade quando a correção do solo e feita de forma correta. “Em nossa propriedade conseguimos aumentar de 58 toneladas por hectare, em 2014, para 76, em 2015”, disse o produtor, enfatizando que a ‘pseudo economia’ que o produtor pensa fazer restringindo no uso do fertilizante, termina por reverter em perca de produtividade por hectare. Na Maracanã, eles obtiveram um ganho de R$ 1.200,00 por hectare neste experimento, mesmo enfrentando um déficit hídrico no período. “Não vale a pena essa economia. No final, ela se reverte em prejuízo”, complementou o produtor Raimundo Nonato, vice-presidente da Asplan e proprietário da Fazenda Maracanã.

O produtor José Inácio lembrou, na ocasião, que o cultivo do abacaxi nas áreas de renovação dos canaviais ajuda também na recuperação dos solos, que absorvem os resíduos da matéria orgânica acumulada durante o ciclo produtivo da fruta e que ela é uma boa alternativa já que se adapta muito bem no tabuleiro costeiro do Nordeste.

Depois da palestra e das explanações, o presidente da Asplan, Murilo Paraíso, fez o encerramento do evento, que fez parte de um ciclo de palestras realizado pelo Departamento Técnico da entidade (DETEC), agradecendo a palestra de Dr. Emídio, enaltecendo-a como ‘extremamente esclarecedora e oportuna para melhor orientação dos plantadores de cana da Paraíba’. “Esse tema de correção e nutrição de solo é muito importante e precisa estar sempre em pauta na Asplan”, disse ele, já convidando o professor para outro evento, em breve.

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Mesmo com melhor topografia custo de produção de cana na Paraíba ainda é maior que em Pernambuco

Levantamento foi feito pelo Departamento Técnico da Asplan e apresentado durante palestra técnica nesta quarta-feira (19)

Apesar de ter melhor topografia que o estado de Pernambuco, o custo de produção por hectare da cana-de-açúcar na Paraíba ainda é maior 2,5% que no estado vizinho. Esse e outros dados em relação à diferença de custos de produção entre o segundo e terceiro maiores produtores da matéria-prima no Nordeste foi apresentado, nesta quarta-feira (19), durante a palestra técnica “Avaliação do ATR do Estado da Paraíba 2016/2017 e do custo de Produção de Cana-de-Açúcar”. Os dados foram levantados pelo Departamento Técnico (DETECT, da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) e apresentados pelo consultor e professor Dr. Francisco de Assis Dutra Melo da EECAC/UFRPE e pelo agrônomo da Asplan, Luís Augusto de Lima.

Segundo o levantamento, baseado em dados da safra 2016/2017, por hectare de cana plantado na Paraíba, o produtor investe em maquinário R$ 797,98, enquanto que em Pernambuco esse custo sobe para R$ 981,54, numa diferença de 23%. Já no iten insumos produtor da Paraíba tem um custo de R$ 712,33, enquanto que em Pernambuco esse custo é bem menor, ou seja, R$ 484,72. As diferenças de despesas administrativas também são grandes, já que na Paraíba esse custo é de R$ 912,46 e no estado vizinho é 51,6% menor, ou seja, R$ 441,77. O custo da mão de obra é maior em Pernambuco R$ 1.470,07, enquanto que na Paraíba é R$ 1.043,65. Pelo estudo, a produção de cada hectare na Paraíba tem um custo de R$ 3.466,42, enquanto que em Pernambuco é de R$ 3.378,10.

Quando se avalia o custo de produção por tonelada de cana, o estudo aponta que na Paraíba esse custo é de R$ 77,03, enquanto que em Pernambuco é de R$ 75,07, quando somados o investimento em maquinário, mão de obra, insumos e despesas administrativas. Já quando se avaliou o custo operacional de R$/hectare, em Pernambuco se chegou ao valor de R$ 5.587,71, enquanto que na Paraíba esse valor é de R$ 5.546,59.

A apresentação dos dados gerou certa polêmica já que, tradicionalmente, os custos de Pernambuco são maiores que a Paraíba, mas, depois de debates com a plateia, chegou-se a conclusão de que os investimentos tecnológicos na Paraíba superam os de Pernambuco. O diretor tesoureiro da Asplan, Oscar Gouvêa citou, como exemplo, o uso de enraizadores e irrigação que propiciam alteração do custo de produção. A adubação foi outro item colocado como diferenciação dos custos já que se evidenciou que na Paraíba, por ter solo menos fértil que o do estado vizinho, se faz duas adubações, enquanto que em Pernambuco isso ocorre, comumente, uma única vez por safra.

“Há muitos custos envolvidos na produção de cana, por isso, é fundamental que o produtor faça um controle rígido de seus investimentos para melhor avaliar seus lucros ou corrigir falhas que lhe deem prejuízo”, avalia pelo consultor e professor Dr. Francisco de Assis Dutra Melo. Segundo ele, para ter lucro, atualmente, o produtor tem que ter uma remuneração acima de R$ 100,00 por tonelada. “Abaixo disso, ele nem empata o investimento”, disse ele.

Depois da palestra e dos debates, o presidente da Asplan, Murilo Paraíso, fez o encerramento do evento, que faz parte do ciclo de palestras realizado, mensalmente, pelo Departamento Técnico da entidade (DETEC). O coordenador do DETEC, Vamberto Rocha, avaliou como positivo o evento. “Os dados que apresentamos mostram a atual realidade de custos de produção da cana em nosso estado e em Pernambuco. Os debates foram produtivos e mostraram que os produtores estão atentos aos custos e mais cuidadosos no trato com a cultura”, destaca Vamberto.

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