O próximo quadrimestre (abril a julho) de 2015 será de chuvas normais à acima da média, porém com má distribuição no estado da Paraíba. Essa foi a previsão do meteorologista Alexandre Magno, da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba – AESA, que proferiu palestra sobre o comportamento do clima no auditório da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), na manhã desta quinta-feira (26). A constatação, explicada através de imagens de satélites da própria Aesa, animou o produtor de cana, principalmente porque também não se tem indícios de formação do fenômeno El Niño para 2016.
O evento, que ainda contou com apalestra do Dr. em Irrigação e coordenador de uma importante pesquisa sobre o tema na Usina Miriri, Carlos Henrique de Azevedo, foi aberto pelo presidente da Asplan, Murilo Paraíso, que aproveitou a presença dos associados e falou das dificuldades do setor em receber a subvenção econômica. “Acho que essa está sendo uma das subvenções mais difíceis de a gente receber. Mas sei que o assunto também entrou na pauta da reunião dos governadores com Dilma em Brasília. O governador também está pedindo providencias quanto a liberação da nossa subvenção. Vamos ver o resultado depois”, comentou o dirigente da entidade.
Feita a abertura, Murilo passou a palavra para o meteorologista Alexandre Magno, que acabou trazendo alento aos fornecedores de cana. “Será um período chuvoso. Há um sinal favorável porque as águas do Atlântico estão aquecidas e a do Pacifico possui uma onda quente, mas que está se movendo muito lenta e a possibilidade e que ela se resfrie até chegar à costa oeste da América do Sul”, disse Alexandre, afirmando também que há uma perspectiva favorável à formação de chuvas também em 2016. “Talvez não tenhamos El Nino porque não temos esse aquecimento considerável no Oceano Pacifico”, comentou.
Para Alexandre, o que pode prejudicar a agricultura é a existência de “veranicos” nesses próximos meses. “A Irregularidade é algo para se considerar. Agricultura é uma atividade de risco aqui. Se o veranico ocorrer em uma época complicada para a cana, em que a planta precisa de água, será ruim”, frisou, dizendo da possibilidade de acerto da precisão. “Temos que essas previsões estão em diversos modelos metrológicos da Europa e eles tem 60 a 70% de eficácia, de acerto. Então, repito, as chuvas serão boas, mas com falhas”, alertou ele.
Irrigação é uma saída
Após a palestra de Alexandre Magno, o Dr. em Irrigação e coordenador de pesquisa sobre o tema na Usina Miriri, Carlos Henrique de Azevedo, proferiu uma palestra destacando que a irrigação pode ser a salvação para o problema das falhas de chuvas, ou “veranicos”. Ele iniciou sua apresentação indicando quais as indagações que os produtores devem fazer a si mesmo antes de investir em um projeto de irrigação.
Segundo Henrique, é preciso perguntar: “Quanto vou irrigar?”; “Como vou irrigar”; “Quando?” e “Onde?”. Outras questões a serem levadas em consideração são: o cálculo evaporação do solo, umidade do solo, variedade, capacidade de armazenamento do solo, energia, além da fase em que a cana mais consome água. “A cana, por exemplo, pode ser comparada a uma pessoa. Quando bebe, tomamos cerca de 20 ml e vamos aumentando essa ingestão até beber cerca de 2,5 litros. Assim é a cana. No final, com a cana ainda retiramos um pouco da água para concentrar sacarose”, explicou.
Para mostrar como esses cálculos e métodos geram sucesso, Henrique apresentou um Case no qual foi possível aumentar o teor de sacarose (ATR) para 0.56 por tonelada de cana. “Temos lucro mesmo com uma ATR menor”, disse ele, demostrando cálculos. “O produtor, por isso, deve, além de irrigar, saber a hora de parar para que ele não perca em ATR. Não é só irrigar, devemos controlar a água”, disse.
Ao final, produtores questionaram a situação das águas, dos mananciais para irrigação. O diretor Tesoureiro da Asplan, Oscar de Gouveia, lembrou das condições do Rio Paraíba. “É preciso se pensar melhor nossos rios que servem de abastecimento para o consumo humano e para a agricultura. O Rio Paraíba é um deles. É preciso conservá-lo”, comentou. As palestras fazem parte da programação do Departamento Técnico da Asplan que trabalha um tema técnico de interesse da categoria a cada mês.