Os produtores canavieiros do Nordeste, especialmente os dos estados com maior produção de cana-de-açúcar, respectivamente, Alagoas, Pernambuco e Paraíba- estão amargando redução na safra ano após ano. A estiagem que castiga a região e que se agravou a partir de 2011 provoca perdas na lavoura, compromete a produtividade e desequilibra a atividade agrícola mais importante do Nordeste. Para tentar minimizar os prejuízos e buscar alternativas que estimulem a produção canavieira da região, dirigentes de entidades ligadas ao setor, sob a coordenação da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), se reuniram nesta quarta-feira (15), em Brasília, para elaborar uma pauta de reivindicações que será encaminhada ao governo federal.
A pauta inclui desde a adoção de políticas públicas que defendam a produção canavieira no país e o estímulo ao uso do álcool, um combustível limpo e renovável oriundo da cana-de-açúcar, até ações emergenciais e estruturadoras. Entre as ações emergenciais, destaca-se o pagamento da subvenção da cana, que deveria ter ocorrido em 2014, mas que até agora não foi efetivado, apesar de existir uma subvenção federal já sancionada e pendente de pagamento desde aquele ano.
De acordo com o presidente da Unida, Alexandre Lima, em relação ao pagamento do subsídio, que tem um teto de até dez mil toneladas por produtor, a entidade estuda se solicitará outra subvenção ou buscará o apoio do governo e do Congresso Nacional para atualizar a validade da aplicação da subvenção não paga no respectivo período. “Vamos avaliar com a bancada federal que nos apoia, conversar com nossos interlocutores no governo e verificar juridicamente o que é mais viável e mais rápido de ser efetivado”, afirma Alexandre.
Dentre as medidas de médio e longo prazo que serão sugeridas ao governo, destaca-se a implantação de uma edição regional do projeto hídrico para canaviais denominado “Águas do Norte”. Idealizado pelo consultor, Gregório Maranhão, o projeto consiste na retenção da água abundante da quadra chuvosa em pequenas propriedades, através da construção de micro barragens, possibilitando que essa reserva possa ser utilizada no período mais seco. “O projeto foi concebido para garantir a segurança hídrica necessária para a produção dos canaviais e ainda evitar o desperdício de água da chuva que, atualmente, não é aproveitada e deságua no mar sem nenhuma função”, explica o autor da proposta.
O presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso, que também participou dos debates em Brasília, junto com o diretor da Associação, Pedro Jorge Coutinho, destaca que o setor precisa da ajuda do governo para continuar sendo referência na geração de emprego e renda na região. “Seja emergencialmente, através do pagamento da subvenção, ou a médio e longo prazo, com a adoção de políticas que regulem e protejam, minimamente, o setor, o fato é que precisamos do apoio do governo federal para enfrentar essa queda de produção provocada pela escassez de chuvas na nossa região. Sem uma ajuda, o setor vai encolher ainda mais, o que acarretará em sérios e irreversíveis danos a economia regional”, finaliza Murilo.