Encontro técnico debate a diferença que faz o uso de nutrientes no desenvolvimento e produtividade da cana-de-açúcar

Encontro técnico debate a diferença que faz o uso de nutrientes no desenvolvimento e produtividade da cana-de-açúcar

A avaliação de um experimento na Fazenda Caxitu, localizada no Conde, com a variedade de cana RB92579, apenas quatro meses após o plantio, mostrou a evolução do perfilhamento da planta com um incremento de 16% em relação a áreas que não passaram pela aplicação de nutrientes. Essa informação, uma das apresentadas durante a palestra “Nutrição em cana-de-açúcar com ênfase aos tabuleiros costeiros”, serviu para comprovar a diferença que faz um bom uso de nutrientes no desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, especialmente, em solos arenosos e pobres de alguns nutrientes que encontramos na Paraíba. A palestra foi realizada na Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), nesta quarta-feira (25) e contou com a participação do professor Emídio Cantídio, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE/GENAF) e do agrônomo da Yara Brasil, Eduardo Saldanha.

Quem abriu o evento, foi o presidente da Asplan, José Inácio de Morais, que enalteceu a importância destes encontros técnicos. “Nestes momentos, aprimoramos nossos conhecimentos e recebemos informações importantes para melhorar nossa produção”, disse ele. Em seguida, o agrônomo da Yara Brasil, Eduardo Saldanha, lembrou que a exigência de nutrientes varia de acordo com o solo que, no caso da Paraíba, são extremamente arenosos, com baixo teor de nutrientes, alto teor de fósforo e baixo teor de Boro e Manganês.

“Na cana-planta, geralmente a extração de nutrientes é maior que na cana-soca. No entanto, a cana-planta se beneficia mais da mineralização do N orgânico do solo. Portanto, para produzir a mesma produtividade, a demanda de fertilizante nitrogenado é maior para a cana-soca do que para a cana-planta”, explicou ele, lembrando que existem diferenças significativas no uso de nutrientes entre as variedades. “Particularmente no que diz respeito à extração de nitrogênio e essas necessidades precisam ser levadas em conta regionalmente”, afirmou Eduardo.

O professor Emídio Cantídio iniciou sua apresentação fazendo uma análise dos solos paraibanos, com ênfase ao solo Argissolo Vermelho Amarelo distrófico, encontrados na região de Santa Rita, e o Neossolo Quartzarenico, da região de Mamanguape. Ele falou ainda sobre a utilização do calcário no Brasil, sobre técnicas de avaliação da fertilidade do solo nos tabuleiros costeiros, sobre correção de acidez na cana-de-açúcar, entre outros assuntos. O professor que é Doutor em Solos e Nutrição de Plantas pela ESALq/USP lembrou que o fósforo é exigido no início de desenvolvimento das plantas para assegurar um adequado crescimento de raízes e para impulsionar perfilhamento. “As culturas extraem em torno de 15-20 kg de fósforo para cada 100 t de cana. Uma prática comum é aplicar fósforo para a cana-planta no plantio ou logo após o plantio, mas existem evidências crescentes de que o fósforo também é importante em cada soqueira para a rebrota”, explicou o professor.

Ele falou também sobre micronutrientes. “Todos os micronutrientes desempenham papéis importantes no crescimento inicial. Os micronutrientes-chave extraídos em maiores quantidades são ferro e manganês. Eles asseguram crescimento livre de estresse, melhorando a performance fotossintética e a produtividade da cana”, destacou Emídio. Os dois palestrantes falaram sobre molibdênio e foram unânimes em afirmar que “é preciso prestar mais atenção ao molibdênio, particularmente para assegurar que o nitrogênio seja totalmente utilizado pela cultura”.

O encontro, promovido pelo Departamento Técnico da Asplan (DETEC), teve ainda debates sobre os temas abordados e apresentação de produtos da Yara Brasil, empresa que tem mais de 100 anos de experiência com nutrição de plantas. O evento foi encerrado com um coffe break. Na avaliação do coordenador do DETEC, Vamberto Rocha, o nível dos palestrantes e as informações que eles apresentaram farão uma grande diferença na conduta dos produtores em relação à nutrição da planta. “Além da teoria, eles mostraram experimentos e argumentos científicos que comprovam a eficácia de uma boa nutrição da planta. É óbvio que isso necessita de um investimento, mas fica comprovado que o retorno é garantido”, destaca Vamberto.