Desde que o Governo Federal começou a recuar e deixar determinados setores de fora da Reforma da Previdência, a exemplo dos servidores municipais e estaduais, a pressão de entidades ligadas ao meio rural, partidos de oposição e da bancada ruralista no Congresso aumentou sobre o governo para que os trabalhadores rurais também tenham uma atenção diferenciada na PEC 287, que trata da Reforma da Previdência Social. A idade mínima para se aposentar e a redução do tempo de contribuição para o trabalhador rural são as principais reivindicações que partem do setor agrícola.
No último dia 28, durante evento na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o presidente da República, Michel Temer, admitiu que a proposta atinja em cheio a área rural e que, por isso, ainda é possível dialogar e realizar alguns ‘ajustes’. Na ocasião, um documento com as sugestões sobre o assunto e que inclui ainda outras demandas do setor, a exemplo da solicitação de juros menores nos empréstimos, a ampliação dos recursos públicos destinados a operação de custeio e comercialização da safra 2017/2018, além da retomada do programa Agricultura de Baixo Carbono foi entregue pelo presidente da CNA, João Martins ao presidente Michel Temer.
O presidente disse estar ciente de que a reforma previdenciária atinge também a área rural, a área da agricultura, e reconheceu que é preciso dimensionar o contato com o setor para ver quais ajustes ainda podem ser feitos. “Muitos levantam temas referentes aos trabalhadores rurais, de economia familiar, etc. que nós vamos ajustando, porque nós estamos dialogando e o diálogo é um dos pontos fortes do nosso governo”, afirmou Temer.
O presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso, que esteve em Brasília, esta semana, participando de reuniões na Feplana, disse que a expectativa do setor é de que o governo tenha uma visão distinta em relação a aposentadoria dos trabalhadores rurais. “Os trabalhadores do campo têm peculiaridades de trabalho que já são por si só, um referencial para que haja essa diferença na questão da reforma da previdência. Não é justo tratar desiguais de forma igual”, argumenta Murilo.