Produtores marcaram um Tratoraço, que vai acontecer em várias capitais do Nordeste, para o dia 13 de março. Até lá, outras ações serão realizadas
O anúncio da presidente Dilma Rousseff, nesta quinta-feira (21), durante seu discurso na inauguração da Via Mangue, em Recife, de que vai publicar um decreto que regulamenta a lei que permite aos produtores de açúcar usar recursos do fundo de exportação para obter financiamento privado ao invés de apaziguar os ânimos dos produtores canavieiros nordestinos acirrou ainda mais a questão que se arrasta desde julho de 2014, data que a presidente sancionou a Lei 12.999. A referida Lei trata da subvenção aos produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e do Rio de Janeiro que até agora não foi paga pelo Governo Federal. Por conta disso, produtores de várias cidades da região participaram ontem (21) de uma manifestação em Recife durante a visita da presidente a capital pernambucana. O forte esquema da segurança presidencial impediu que os manifestantes chegassem perto da presidente.
“O discurso feito para amenizar as críticas e a insatisfação dos produtores canavieiros nordestinos, acirrou os ânimos, porque deixou claro que a presidente desconhece o setor produtivo canavieiro, que é formado por plantadores de cana e não por donos de indústrias”, afirma o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso. Ele explica que a medida anunciada pela presidente para contornar a situação, a qual está vinculada à Medida Provisória 701/15, atende, exclusivamente, usinas de açúcar e não os plantadores de cana-de-açúcar. “Nem as indústrias produtoras de etanol foram beneficiadas com e medida”, argumenta Murilo que participou da manifestação promovida pela União Nordestina dos Produtores de Cana – Unida junto com diretores da Associação e vários plantadores paraibanos.
Segundo Murilo, os produtores não se opõem a medida anunciada pela presidente em defesa das usinas, mas questiona o fato do Governo Federal não anunciar a regulamentação da lei da subvenção. “Acumulamos prejuízos devido a maior seca dos últimos 40 anos, temos custos de produção mais altos em relação ao Centro-Sul, somos o elo mais frágil da cadeia produtiva, geramos muitos empregos no campo e somos um dos principais sustentáculos econômicos do Nordeste e queremos o devido respeito do Governo Federal. O que estamos pleiteando não é um favor, mas o pagamento da subvenção que foi sancionada em julho de 2014, prometida antes das eleições presidenciais e até agora não foi paga”, finaliza Murilo.
Tratoraço
Por causa do descaso do Governo Federal com os produtores de cana do Nordeste, a Unida, junto com as associações de classe da região, entre elas a Asplan, decidiram realizar novas manifestações para cobrar o pagamento da subvenção, que corresponde a R$ 12,00 por tonelada de cana fornecida para as indústrias na safra 2012/2013, com um limite de 10 mil toneladas por produtor. “Vamos ocupar simultaneamente várias capitais do NE com um ‘tratoraço’ – tratores e caminhões nas ruas das cidades”, destaca o presidente da Unida, Alexandre Lima. A manifestação está prevista para ser realizada no dia 13 de março.