Levantamento foi feito pelo Departamento Técnico da Asplan e apresentado durante palestra técnica nesta quarta-feira (19)
Apesar de ter melhor topografia que o estado de Pernambuco, o custo de produção por hectare da cana-de-açúcar na Paraíba ainda é maior 2,5% que no estado vizinho. Esse e outros dados em relação à diferença de custos de produção entre o segundo e terceiro maiores produtores da matéria-prima no Nordeste foi apresentado, nesta quarta-feira (19), durante a palestra técnica “Avaliação do ATR do Estado da Paraíba 2016/2017 e do custo de Produção de Cana-de-Açúcar”. Os dados foram levantados pelo Departamento Técnico (DETECT, da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) e apresentados pelo consultor e professor Dr. Francisco de Assis Dutra Melo da EECAC/UFRPE e pelo agrônomo da Asplan, Luís Augusto de Lima.
Segundo o levantamento, baseado em dados da safra 2016/2017, por hectare de cana plantado na Paraíba, o produtor investe em maquinário R$ 797,98, enquanto que em Pernambuco esse custo sobe para R$ 981,54, numa diferença de 23%. Já no iten insumos produtor da Paraíba tem um custo de R$ 712,33, enquanto que em Pernambuco esse custo é bem menor, ou seja, R$ 484,72. As diferenças de despesas administrativas também são grandes, já que na Paraíba esse custo é de R$ 912,46 e no estado vizinho é 51,6% menor, ou seja, R$ 441,77. O custo da mão de obra é maior em Pernambuco R$ 1.470,07, enquanto que na Paraíba é R$ 1.043,65. Pelo estudo, a produção de cada hectare na Paraíba tem um custo de R$ 3.466,42, enquanto que em Pernambuco é de R$ 3.378,10.
Quando se avalia o custo de produção por tonelada de cana, o estudo aponta que na Paraíba esse custo é de R$ 77,03, enquanto que em Pernambuco é de R$ 75,07, quando somados o investimento em maquinário, mão de obra, insumos e despesas administrativas. Já quando se avaliou o custo operacional de R$/hectare, em Pernambuco se chegou ao valor de R$ 5.587,71, enquanto que na Paraíba esse valor é de R$ 5.546,59.
A apresentação dos dados gerou certa polêmica já que, tradicionalmente, os custos de Pernambuco são maiores que a Paraíba, mas, depois de debates com a plateia, chegou-se a conclusão de que os investimentos tecnológicos na Paraíba superam os de Pernambuco. O diretor tesoureiro da Asplan, Oscar Gouvêa citou, como exemplo, o uso de enraizadores e irrigação que propiciam alteração do custo de produção. A adubação foi outro item colocado como diferenciação dos custos já que se evidenciou que na Paraíba, por ter solo menos fértil que o do estado vizinho, se faz duas adubações, enquanto que em Pernambuco isso ocorre, comumente, uma única vez por safra.
“Há muitos custos envolvidos na produção de cana, por isso, é fundamental que o produtor faça um controle rígido de seus investimentos para melhor avaliar seus lucros ou corrigir falhas que lhe deem prejuízo”, avalia pelo consultor e professor Dr. Francisco de Assis Dutra Melo. Segundo ele, para ter lucro, atualmente, o produtor tem que ter uma remuneração acima de R$ 100,00 por tonelada. “Abaixo disso, ele nem empata o investimento”, disse ele.
Depois da palestra e dos debates, o presidente da Asplan, Murilo Paraíso, fez o encerramento do evento, que faz parte do ciclo de palestras realizado, mensalmente, pelo Departamento Técnico da entidade (DETEC). O coordenador do DETEC, Vamberto Rocha, avaliou como positivo o evento. “Os dados que apresentamos mostram a atual realidade de custos de produção da cana em nosso estado e em Pernambuco. Os debates foram produtivos e mostraram que os produtores estão atentos aos custos e mais cuidadosos no trato com a cultura”, destaca Vamberto.