O repasse para os produtores da parte que lhes cabe dos Créditos de Descarbonização (CBios), do RenovaBio, ainda continua indefinido, mas, as usinas precisam ter acesso aos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), conforme manda a legislação, para atestar o perfil do uso correto da terra pelos produtores que é condição para a indústria estar apta a emitir os papéis correspondentes a cada lote de etanol negociado com as distribuidoras. Não entregando os dados para as indústrias, os canavieiros podem travar o novo programa nacional até que a parte que lhes cabe seja incluída nos CBios.
A Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), entidade que junto com a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), sairam na frente, convocando reuniões com seus associados para orientá-los a não entregar o CAR, pressionam para que os produtores tenham acesso aos créditos de carbono do Renovabio. “É uma reivindicação justa, inclusive, apoiada pela maioria dos dirigentes industriais, que também avaliam que os ganhos com os CBios devam ter a participação dos produtores que direcionam boa parte da matéria-prima processada pelas indústrias”, afirma o presidente da Asplan, José Inácio de Morais, que também preside a União Nordestina dos Produtores de Cana(Unida).
José Inácio lembra que o pleito dos produtores, incluindo também os de biodiesel, já vem desde as primeiras discussões nacionais do RenovaBio, mas com a implantação do programa em 2020 – e com algumas emissões de CBios já no mercado – a reivindicação não prosperou e os ganhos ainda estão restritos a cadeia industrial. “A produção de uma cana cada vez mais limpa no seu processo produtivo e sem resíduos fósseis, que é o que ajudará a precificar o valor dos CBios das usinas, não pode desconsiderar e deixar de fora quem produz no campo. Os produtores precisam também ter acesso aos ganhos do CBios”, reitera José Inácio.