murilo mapa

Setor sucroalcooleiro nacional vive uma das piores crises de sua história

Setor sucroalcooleiro nacional vive uma das piores crises de sua história

murilo mapa

murilo mapaO Brasil está, já há algum tempo, exposto a uma fragilidade que há tempos já poderia ter superado, que é a crise do etanol. O fato é que, com a política de manipulação do preço do álcool e o incentivo tributário para a venda da gasolina, a estratégia adotada pelo Governo Federal vem “quebrando” a indústria sucroalcooleira do país, mesmo o álcool sendo considerado o combustível limpo e 100% nacional. Exemplo disso são as inúmeras usinas fechadas por conta da queda na venda do etanol nas bombas e a convivência do setor com os preços extremamente defasados da cana-de-açúcar, o que tem feito o custo de produção se elevar ano após ano, ficando a crise ainda mais evidente em períodos de seca.

Para os produtores de cana paraibanos, a omissão do Governo contraria toda e qualquer política de incentivo e resguardo do setor já tão prometido aos canavieiros desde o governo Lula. Segundo o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso, desde 2008 já foram fechadas mais de 45 indústrias sucroalcooleiras em todo o país, o equivalente a 10% das usinas existentes no Brasil. Tudo isso, afirma ele, sob a vista complacente do governo federal que não resolve o problema de uma política que considera “perversa e sem sentido”.

“Enquanto o setor sucroalcooleiro vem enfrentando dificuldades com as secas cada vez maiores, com anos de quedas no preço da cana e o fechamento de diversas usinas pelo país afora, o Governo, ao invés de intervir para estabilizar o preço do álcool, descortinando um horizonte mais promissor para o setor, continua com uma política que quebra a indústria brasileira”, desabafa Murilo.

 “Até o momento o governo só promulgou medidas paliativas para fugir da discussão de políticas públicas que realmente ofereçam segurança energética à população brasileira. O governo precisa chamar para si a responsabilidade. Isso é indispensável para o fortalecimento da matriz energética nacional e para o aumento da oferta de etanol no país”, defende o dirigente.

O governo aprovou o aumento do percentual obrigatório de mistura do biodiesel no diesel comercializado no País, de 5% para 6%, em vigor desde o dia 01/07, reduzindo desta forma, a importação deste último. Nesta mesma linha, está sendo avaliado o incremento de álcool anidro na gasolina, de 25% para 27,5%. Ambas as medidas têm o propósito de ajudar a Petrobras e são apenas paliativas.  A tentativa de manter o controle da inflação, por meio da contenção dos preços da gasolina e do diesel, a qual, além de acarretar a retração dos preços do etanol, pode, ainda, comprometer o resultado da maior companhia nacional, a Petrobras, é um grande equívoco do governo.

“Os salários subiram, os insumos e o diesel também e o valor do álcool e, consequentemente, da cana-de-açúcar só caiu nos últimos anos. É uma matemática que não bate e cada vez mais penaliza o produtor”, finaliza Murilo, lembrando que  essa crise vem gerando uma redução expressiva nos postos de emprego, principalmente no interior dos estados brasileiros produtores de cana-de-açúcar, levando muitos empresários e plantadores a não terem condições de honrar os seus compromissos nos vencimentos.