Situação das estradas vicinais de Santa Rita compromete escoamento de produção e coloca população da zona rural e usuários das vias em risco

Situação das estradas vicinais de Santa Rita compromete escoamento de produção e coloca população da zona rural e usuários das vias em risco

Pontes com comprometimento na estrutura ou feitas de improviso pela população, crateras nas estradas e em suas encostas, além de estradas estreitas que comprometem a segurança de quem dirige veículos de grande porte, lama e imensas poças d´água no inverno e muita poeira durante o verão. Essa realidade das estradas vicinais do município de Santa Rita foi debatida na manhã desta quarta-feira (23), durante uma sessão especial realizada na Câmara Municipal da cidade sob o tema ‘Infraestrutura do Escoamento da Produção Agrícola da região da Bacia do Gramame/Mamuaba’. Vereadores, produtores rurais, trabalhadores e representantes de órgãos estaduais e entidades de classe se revezaram na tribuna da Casa para debater o problema e buscar soluções que resolvam a questão das estradas do município que, atualmente, se encontram em precárias condições de uso.

No início da sessão, a produtora Ana Claudia Tavares, fez uma apresentação com slides mostrando a realidade das estradas do município que é grande produtor de cana-de-açúcar, abacaxi, inhame, batata-doce e macaxeira. As fotografias mostraram as péssimas condições de tráfego das vias vicinais do município, especialmente, a PB 016, compreendida entre o trecho que liga a Vila Pousada do Conde até Odilândia, passando por Cicerolândia. “Esse é um problema que é da competência do poder público e que, a cada safra, tem sido absolvido pela população com medidas paliativas”, reclamou o vice-presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Raimundo Nonato, um dos oradores da sessão especial.

Segundo ele, que tem uma propriedade na região, recentemente, um médico que foi fazer os exames admissionais de seus 100 empregados teve que abandonar o carro e fazer um trecho do percurso a pé, simplesmente, porque a estrada não ofereceu condições seguras de tráfego e acesso à propriedade. Alunos deixaram de estudar durante uma semana pelo mesmo motivo. “Isso é inadmissível e acontece com frequência prejudicando moradores, produtores e a população em geral”, reiterou Nonato, sugerindo que a resolutividade do problema pode estar na estadualização de algumas vias. O diretor da Asplan, Oscar Gouvêa, além de Neto Siqueira, José Américo Filho e Marcos Tavares, que são produtores da região e associados da Asplan, também participaram da sessão.

O gerente de Transporte do Departamento de Estradas e Rodagens da Paraíba (DER-PB), Fleming Cabral, concordou que essa pode ser uma alternativa ao problema, mas reiterou que a estadualização de vias deve preencher alguns critérios. “De fato, com essa mudança, o Governo do Estado passaria a ser responsável, ao invés do município pela manutenção das vias, mas isso requer estudos, um Projeto de Lei, etc e não acontece de imediato. O ideal é buscar parcerias entre os governos municipal, estadual e federal que viabilizem essa recuperação ou construção de novas estradas”, disse o representante do DER que, na ocasião, falou dos investimentos do atual governo na melhoria da malha viária da Paraíba. Segundo Fleming, o atual governo, através do DER, investiu mais de R$ 1 bilhão em obras de infraestrutura viária, dos quais R$ 23 milhões diretamente em Santa Rita.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais da Paraíba (Fetag), Liberalino Ferreira, além do viés econômico, com prejuízos para o escoamento da produção, a precariedade das estradas vicinais de Santa Rita compromete, sobretudo, a vida e qualidade de vida das pessoas. “Como falar em progresso e desenvolvimento se os estudantes têm seu direito de ir à escola comprometida por causa de estradas intransitáveis? E como fica a segurança dos caminhoneiros que trafegam em estradas estreitas, que mal cabem um caminhão, cheias de lama, buracos e pontes precárias? Até quando a vida das pessoas será colocada em risco? Esse é um assunto urgente que já foi adiado e não pode ser mais”, destacou Liberalino, cujo discurso foi reforçado pelo produtor rural, Severino Ernesto de Miranda (Biu Ernesto). “Só temos renda se tivermos estrada. Só temos segurança com boas estradas e só teremos a solução deste problema com a união de todos”, reiterou ele.

O deputado Trocolli Júnior, que representou a Assembleia Legislativa na sessão especial, lembrou que o atual governo estadual foi o que mais atenção teve com as estradas da Paraíba e reiterou seu compromisso de se juntar aos vereadores de Santa Rita, aos produtores rurais e os trabalhadores do campo para buscar soluções para resolver essa questão da precariedade das vias vicinais e ainda buscar recursos para construção do acesso metropolitano.

No final da sessão, foi facultada a palavra para os populares que reforçaram a importância da recuperação das estradas e, em seguida, os vereadores se revezaram na Tribuna para reiterar o compromisso deles com essa pauta. O vereador Carlos Júnior lembrou que essa não é uma luta de ‘senhores de engenho’, mas, um clamor da sociedade de Santa Rita, especialmente, das famílias que produzem e moram na zona rural que, somente em Cicerolândia e Odilândia, somam 11 mil pessoas.

O presidente da Câmara e autor da propositura da realização da sessão especial, Gustavo Santos (Podemos), encerrou o evento que teve como encaminhamentos a formação de uma comissão especial que vai representar a Casa nas ações que busquem soluções para melhoria das estradas, além da realização de uma audiência pública na ALPB. “Essa sessão não vai se esgotar nas falas aqui expostas. Ela vai se desdobrar em ações efetivas que vão dar as devidas soluções para esse problema e as resposta que a população merece e espera que aconteçam”, finalizou o parlamentar.