Último dia Workshop na Asplan é marcado por palestras sobre nutrição e homenagens a ícones da cultura canavieira do NE

Último dia Workshop na Asplan é marcado por palestras sobre nutrição e homenagens a ícones da cultura canavieira do NE

O 17º Workshop sobre Plantas Daninhas, Nutrição e Adubação da Cana-de-Açúcar, promovido pela Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB/Regional Setentrional), chegou ao fim nesta quinta-feira (09). O dia foi marcado por palestras de conhecimento técnico e de apresentação de soluções feitas pelas marcas de produtos agrícolas. A palestra do Dr. Carlos Alexandre, da Universidade de São Paulo – Unesp, que tratou da nutrição durante a maturação da cana, chamou muita atenção no último dia do evento, assim como as homenagens feitas pela Associação dos Plantadores de cana da Paraíba (Asplan) a dois ícones da cultura canavieira nordestina: o produtor Honorato Cabral e ao agrônomo e consultor Benon Barreto.
A primeira apresentação do dia ficou por conta foi do Dr. Fernando Bacilieri, da Universidade Federal de Uberlândia – UFA. Ele trouxe informações a respeito da nutrição foliar. Segundo ele, ela pode ser corretiva, preventiva, de substituição de adubação de solo ou estimulante. “É uma prática meticulosa, que requer a mistura correta e no momento correto, de compostos para o melhor crescimento da planta”, explicou o palestrante. O objetivo desse tipo de nutrição é, principalmente, reduzir o estresse da planta em um ambiente com pouca disponibilidade de recursos hídricos, fazer a fotossíntese ser mais ativa e fortalecer o sistema radicular da cana. “Procuramos resolver problemas fisiológicos”, comentou.
Em seguida, abriu-se espaço para a apresentação dos produtos, feita por representantes das marcas. Rafael Mendes, da empresa Farroupilha, falou sobre o Azos, um produto que promete fazer uma melhor fixação do nitrogênio na raiz, agindo na indução do sistema de defesa da planta, aumentando a concentração de enzimas antioxidantes (catalases e peroxidases) que irão neutralizar os radicais livres que causam o envelhecimento das células.
A representante da Basf, Viviane Rodrigues, apresentou o Contain, um produto voltado ao combate do gengibre, e o representante da empresa UPL, Luiz Henrique Marcandali, falou sobre UPDT – Tecnologia para o manejo de água. Segundo ela, a novidade tem grande potencial de hidratação, sendo um polímero 100% biodegradável. Ainda se apresentaram as empresas Ubyfol, Bayer, Nutrinova-Nortox e a Adama, além do representante das sementes Paraí, José Aparecido Donizete.
No final da manhã ainda aconteceu a palestra do Dr. Carlos Alexandre, da Universidade de São Paulo – Unesp, que tratou da nutrição durante a maturação da cana. Ele mostrou alguns resultados que alcançou com uma equipe de pesquisa na América Central. “As pessoas pensam logo que quando o potássio cai, basta colocar mais. Não é assim. Fazendo isso, vamos desequilibrar o manganês, que faz a planta crescer”, esclareceu o estudioso, frisando que para cada caso é feito um estudo para voltar a equilibrar os nutrientes na planta para que ela volte a dar a produtividade e, consequentemente, o retorno financeiro esperado.
“Com essa nutrição de calibração do potássio e do manganês, ou seja, fazendo a nutrição durante toda a safra, observando, a planta aguenta mais. Em desequilíbrio, em estresse hídrico, por exemplo, a planta começa a sintetizar o açúcar. Então, é preciso que se faça a nutrição certa no momento certo, durante toda a safra. Nutrição, mais maturador”, comentou Carlos, frisando ainda que a adubação para o terço médio da safra (o período mais seco) era muito recomendado.
No último dia de evento, o público ainda teve a oportunidade de conhecer os resultados com a reposição de macro e micro nutrientes trazidos pelo engenheiro agrônomo, Hugo Amorim Rodrigues, da Usina Monte Alegre. De acordo com ele, que falou sobre a importância da torta e da vinhaça nas plantações de cana, é preciso que o produtor use as ferramentas que tem para que sua produção atinja bons graus de ATR. O uso da vinhaça, segundo ele, é um exemplo para aumentar os níveis de micro e macro nutrientes na plantação de cana. “Sem vinhaça, torta ou nenhuma matéria orgânica, o produtor terá que trabalhar com o calcário. Mas, é melhor do que não fazer. Temos que ver o que valerá o maior custo-benefício”, recomendou.
Para o presidente da Asplan, José Inácio de Morais, o workshop foi um sucesso, não só por parte da Asplan, que cedeu o espaço, o pessoal, mas, sobretudo pela organização da Stab, que sempre realiza bons eventos. “Todo mundo elogiou o evento que foi um sucesso de público e de organização, bem prestigiado, e foi o que a gente esperava, trouxe informações importantes sobre novas tecnologias e isso é importante para que possamos aumentar nossa produtividade”, destacou o dirigente. Ainda segundo José Inácio o investimento em conhecimento é imprescindível para que a classe consiga ir adiante. “Antes trazíamos estudiosos de São Paulo. Hoje, por exemplo, temos o professor Emídio Cantídio fazendo experimentos na Miriri, na Monte Alegre, com solos diferentes de São Paulo. Agora poderemos ter calibragens específicas para o nosso solo”, comemora o dirigente canavieiro, lembrando que a Paraíba tem, hoje, uma usina fazendo a mesma média de cana de São Paulo, que é a Monte Alegre.
O presidente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB/Regional Setentrional), Djalma Euzébio, comentou que ficou muito satisfeito com o feedback do público. “Ficamos sempre atentos ao retorno do público, principalmente para as críticas para que possamos, cada vez mais, focar os interesses da classe. E quanto a isso, fiquei muito satisfeito porque só ouvimos elogios”, afirmou o dirigente, lembrando que o evento é extremamente técnico-científico, com foco em beneficiar os produtores de cana nordestinos em favor da produtividade de sua cana.
“Há 20 anos, nos primeiros Workshops que fizemos, trazíamos oito a dez pesquisadores de São Paulo, para nos mostrar as experiências de lá. Mas, hoje é diferente. Estamos focamos nos estudos de solos e variedades da região Nordeste. Assim, não copiamos nada. Estamos focados no desenvolvimento de nossa produtividade, com estudos feitos aqui, com nossa realidade”, reiterou Djalma.
Para a fornecedora de cana, Lindalva Santana, de Santa Rita, o evento foi justamente o que ela esperava porque trouxe o conhecimento que queria. “Achei maravilhoso. Muito conhecimento, inovações, o que eu queria”, comentou, a lado da sobrinha, Ana Cláudia Tavares, que também é fornecedora. “Sou da área social e agora estou empreendendo na área de cana. Então, foi muito bom pra mim estar aqui”, disse Ana.