O projeto de revitalização da bacia hidrográfica do rio Gramame, no Litoral Sul da Paraíba, que conta com apoio da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), já está em pleno curso. No último dia 06 de março, representantes da Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa (SEMAMJP) e da Asplan visitaram o viveiro de mudas da Prefeitura de João Pessoa e também as fazendas Maracanã e Frei Martinho, que vão receber as primeiras mudas do projeto para revitalização de suas Áreas de Preservação Permanente (APPs), da mata ciliar e da nascente do Rio Gramame. Esse é um trabalho que está sendo desenvolvido através de uma parceria entre a Direção do campus de Pedras de Fogo do Instituto Federal da Paraíba – IFPB, Prefeitura de Pedras de Fogo, Prefeitura de Juripiranga, SEMAM e Asplan para o plantio de mudas nativas conforme o atual Código Florestal nas APPs nas margens do Rio Gramame.
No dia da visita, o diretor da SEMAM, Anderson Fontes, e o coordenador do Departamento Técnico – Detec da Asplan, o engenheiro agrônomo, Luís Augusto, visitaram o viveiro da SEMAM, localizado em João Pessoa, que fornecerá as mudas para a fase inicial do projeto, até quando o viveiro de Pedras de Fogo estiver pronto.
Depois, eles visitaram as fazendas Maracanã e Frei Martinho, esta última do casal Marcos Américo e Ana Cláudia Santana, fornecedores de cana associados da Asplan, e conheceram os locais onde essas mudas serão plantadas.
“Fomos conhecer o viveiro e ver a disponibilidade de mudas para o projeto, bem como também fomos até as fazendas para conhecer suas áreas de reflorestamento. Está tudo caminhando conforme planejado em nossas reuniões. Em breve, as fazendas estarão plantando suas primeiras mudas”, disse Luís Augusto.
Vale lembrar que a qualidade da água do rio Gramame tem sido objeto de preocupação de diversos órgãos no estado há mais de 30 anos. Em 2017 foi realizado um estudo que revisou as pesquisas anteriores e estabeleceu, até 2020, que “as prioridades para o período, iniciativas para frear a crise hídrica”, tendo a Asplan participação também no grupo que custeou o estudo junto com órgãos e empresas como Cagepa, Coteminas e Giasa.
O estudo foi realizado pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, com a colaboração de profissionais técnicos da SUDEMA, e desconstruiu a ideia de que seriam os produtores de cana um dos responsáveis pelas atividades mal conduzidas que envolvem ocupação e uso do solo e que levaram a um processo de remobilização e contaminação do sedimento/solo próximo aos rios. No estudo foi observado que o rio vem recebendo efluentes de diversas atividades industriais, e até mesmo esgoto sanitário, sem qualquer tipo de tratamento e isso estava sendo feito às margens do rio, que foram invadidas por outras pessoas que degradaram a floresta ciliar que protege o rio.
“O estudo comprovou que não foram os plantadores de cana os responsáveis pela degradação das matas ciliares, nem tão pouco da poluição que atingiu a bacia, mas, mesmo sem termos responsabilidade, nos comprometemos a ajudar a recompor a área porque entendemos e defendemos que é importante a preservação do meio ambiente e dos mananciais. Nós, produtores canavieiros, temos responsabilidade sócio/ambiental”, argumenta o presidente da Asplan, José Inácio de Morais.
Mesmo sem ter responsabilidade com a degradação do local, os produtores associados ligados à Asplan vão fazer a recomposição de suas APPs, áreas destruídas, na realidade, por invasores de terras que se fixaram nas localidades e hoje produzem macaxeira, batata, e outras culturas de subsistência. “Estamos empenhados nesse projeto. Já estamos verificando a região de reflorestamento apontada pelo estudo da UFPB e vendo a qualidade das mudas”, reforçou Luís Augusto.
Segundo o diretor técnico do Detec, Neto Siqueira, a parceria entre os órgãos uniu os interesses comuns em prol do meio ambiente e tudo tende a dar certo. “A Prefeitura de João Pessoa, através da SEMAM, fornecerá as mudas. Os estudantes do IFPB conduzirão a compostagem e o cultivo das mudas que serão plantadas nas APPs no Parque Ecológico Silvio Milanez. E, por fim, vamos às fazendas fazer o plantio e revitalizar as áreas que precisam. Será na realidade uma união de forças em prol do meio ambiente a partir da qual todos ganham”, finaliza Neto.