8 de maio de 2013

STF decidirá quanto ao prazo para a mecanização da colheita de cana

Pesquisadores e produtores rurais de diversas regiões brasileiras apresentam, no final de abril, seus argumentos para convencer o Supremo Tribunal Federal (STF) a adiar o fim das queimadas em canaviais. Durante audiência pública convocada pelo ministro Luiz Fux, também houve a exposição do presidente da Federação Brasileira dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), Paulo Leal, que mostrou alguns dos impactos negativos da decisão, a exemplo do desemprego de milhares de trabalhadores rurais que não conseguirão se encaixar em novas funções no campo, principalmente em razão da baixa escolaridade. As explanações vão subsidiar a análise do Recurso Extraordinário (RE) 586224, no qual o Estado de São Paulo questiona uma lei do município de Paulínia (SP) que proíbe a realização de queimadas nas plantações de cana.

cana queima1No documento entregue ao STF, o presidente da Feplana também explicou que a atividade da cana-de-açúcar está sedimentada há mais de 400 anos no país e que, no Nordeste, ela é a única atividade possível de se adotar em face das condições de clima e solo da região, permeada por áreas de alta declividade, sendo impossível o uso da colheita mecanizada. “Por estas razões, os produtores do Nordeste, caso fiquem impedidos de queimar a palha de sua cana, não terão outra alternativa a não ser abandonar suas lavouras, em face da impossibilidade de substituição da cana por outras culturas”, disse Paulo Leal, pedindo cautela com o fim da queima. “Cada região possui suas peculiaridades e precisam ser tratadas diferentemente”, concluiu.

Segundo o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso, o fim da queima da palha de cana não só levará cerca de 28 mil trabalhadores ao desemprego no estado (cada máquina substitui cerca de 100 homens), como também  inviabilizará parte das pequenas e médias propriedades. Para ele, o ideal é que o Supremo se sensibilizasse diante dos impactos negativos e definisse um prazo maior para a mecanização das colheitas. “Isso poderia acontecer dentro de uns 15 anos porque já convivemos com essa realidade, mas precisamos investir na compra de máquinas e no treinamento de pessoal para a atividade”, disse Murilo, lembrando, porém, que isso não se dará de forma tão fácil. “Temos uma área muito acidentada, onde, mesmo com a decisão, será impossível de se utilizar máquina porque elas são incapazes de realizar a ação”, continuou.

Além disso, o dirigente ainda frisou que mais de 1.500 plantadores de cana ligados à Asplan são micro produtores e eles não têm condições de fazer esse investimento em maquinário. “A colheita mecanizada com certeza é um bom negócio porque ela é mais ágil e rápida. Mas, temos que pensar também nos pequenos, que não conseguirão sustentar suas produções dessa forma”, defendeu Murilo Paraíso, salientando que o fim da queima também surge em meio a um momento difícil para o setor. “Ainda estamos amargando as perdas que tivemos com a última seca. Tivemos uma quebra de 30% em relação ao ano passado. Isso por si só já está trazendo desemprego e endividando os produtores. Imagina se, além disso, ainda aprovarem essa mecanização imediata? Vamos ter muita gente abandonando a atividade, com certeza”, afirmou.

Defendendo uma adaptação inteligente e gradual, o setor aguarda com esperanças a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve decidir, em colegiado, qual a melhor solução para o setor, que contemple empregados, empregadores e a sociedade. 

Entendendo o caso

Em junho de 2007 foi assinado entre o Governo do Estado de São Paulo e a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), representando a indústria paulista produtora de açúcar, etanol e bioeletricidade, o Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro. De adesão voluntária, ele estabelece uma série de princípios e diretivas técnicas de natureza ambiental a serem observadas pelas indústrias da cana-de-açúcar.

Em linhas gerais, o Protocolo prevê a completa eliminação da queima da palha de cana até 2014 nas áreas onde é possível implantar a colheita mecanizada. Este prazo foi encurtado em sete anos, já que anteriormente a data estipulada era o ano de 2021. Nas áreas onde a mecanização atualmente não pode ser adotada, a antecipação prevista no Protocolo é ainda mais radical, de 2031 para 2017. Não havendo método disponível para mecanização da colheita nessas regiões até 2017, elas deverão deixar de ser utilizadas para o cultivo da cana-de-açúcar.

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Socorro!

Nesses últimos tempos tenho tentado diversificar da temática canavieira, sempre recorrente nos meus escritos, mas não tem jeito, é muito difícil controlar a visceral necessidade de expressar minha angústia e modesta contribuição como guardião informal desse Setor tão importante para o nosso Estado.

Estamos assistindo uma das mais agudas crises da história recente da cana-de-açúcar em Pernambuco, combinando como receita do diabo, a política, ou melhor, a ausência de política do Governo Federal para com a Agroindústria Canavieira, principalmente no Nordeste, a seca que nos assola com especial intensidade, e por último a infeliz coincidência de incorporar também a gravosidade dos preços internos e externos dos produtos finais do Setor, o açúcar e o álcool.

Tendo perdido na última safra cerca de trinta por cento do seu contingente agrícola, ou algo próximo de cinco milhões de toneladas de cana, foram junto no bojo da tragédia, mais de cinquenta mil empregos, cerca de cem milhões de reais de tributos que deixaram de ser gerados, aproximadamente duzentos milhões de dólares em divisas, subtraídos de nossa receita de exportação, e por aí vai, para não nos alongarmos muito na extensa lista de agentes e fatores atingidos, cujo efeito multiplicador no Cluster canavieiro do Estado, distribuído por sessenta e dois Municípios da Zona da Mata, fora a Capital, ainda não fomos capazes de contabilizar com precisão.

Apesar do inadiável registro, embora superficial, da grave situação que se apresenta, ainda temos forças e esperança, que o minguado contingente de apenas treze milhões de toneladas de cana a que ficamos reduzidos, sirvam como plataforma de um vigoroso esforço de ressurreição, como recomenda o Governador Eduardo Campos para todos os segmentos atingidos pelo fenômeno da seca, para a restauração de patamar de produção minimamente compatível com o potencial e vocação canavieira do Estado.

Vale ressaltar, por ironia do destino, que a iniciativa de reação à desgraça, com o imprescindível apoio do Poder Público, poderá se transformar num dos mais importantes projetos já levados a efeito em Pernambuco, do ponto de vista social e econômico, gerando imediatamente nos próximos dias quem sabe, cerca de trinta mil empregos diretos, cuja maioria dos trabalhadores poderá ser recrutada no Agreste e no Sertão atenuando o impacto do verão que se inicia naquela região, para o replantio da cana na Zona da Mata, onde milagrosamente está chovendo, estaríamos restaurando o fato gerador de mais de cem milhões de reais de receita tributária direta e indireta já no próximo ano, e tantos outros benefícios para o Estado.

O que se assiste é o risco de um SUAPE às avessas, comprometendo o melhor momento do impulso no desenvolvimento do Estado, risco que não pode ser capaz de nos intimidar, e sem qualquer tipo de constrangimento, com o sentimento de responsabilidade que decorre da nossa condição como um dos principais pilares de sustentação econômica e social de nosso povo, afirmar, que Pernambuco jamais estará bem se a cana e sua gente estiverem mal, e concordar entusiasticamente com nosso Governador, que é preciso e “é possível fazer mais”, é em nome de tudo isso que pedimos Socorro!

 

* Consultor especialista em agronegócio/setor sucroalcooleiro

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