Preços defasados, seca no período agrícola e chuva na época do processamento marcaram a safra, que começou e terminou com atrasos. No total, foram produzidas 6,7 milhões de toneladas
A produção de cana-de-açúcar referente à safra 2014/2015, dos cerca de 1.800 fornecedores ligados à Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) contabilizou um resultado final de 2.499.168 toneladas. Apesar dos contratempos, a quantidade de cana-de-açúcar moída pelos fornecedores ligados à Asplan foi superior ao total contabilizado na safra anterior de 2013/2014, que atingiu o volume de 2.088.997,30 toneladas. Somando-se a cana dos acionistas de indústrias sucroalcooleiras locais, o volume total produzido na referida safra sobe para 6.723.322 toneladas. Nesta safra, as indústrias paraibanas produziram 147.849 toneladas de açúcar e 420.619 m³ de etanol. O processo de moagem no estado foi iniciado em agosto do ano passado e concluído no final de junho deste ano.
“Mesmo com um pequeno aumento na produção, de 410 toneladas em relação a safra passada, essa foi uma das piores safras que tivemos nos últimos anos”, desabafa o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso. Ele cita que a defasagem entre o custo total para produção de um tonelada de cana atingiu o ápice negativo de R$ 31.98 na safra passada. “Para produzir uma tonelada de cana na safra 2013/14 investimos R$ 97,29 e recebemos o equivalente a R$ 65,31 que foi o preço pago pela tonelada da matéria-prima. Trabalhamos com uma diferença negativa que se manteve na atual safra”, argumenta Murilo, lembrando que essa defasagem entre o custo total de produção x a remuneração pelo produto já persiste há quatro safras. “Na 2009/10, a defasagem foi de R$ 10,69, na de 2010/11, chegou a R$ 5,37, e na de 2011/12 atingiu R$ 19,61”, afirma o dirigente da Asplan, lembrando que a crise afeta todo o setor que registra o fechamento de mais de 80 unidades industriais em todo o país nos últimos 10 anos, resultado da política adotada pelo governo federal de não priorizar o combustível limpo, produzido a partir da cana-de-açúcar.
Murilo Paraíso explica ainda que além do preço da matéria-prima ter ficado defasado em relação aos custos de produção, a questão climática influenciou na produção local. “Tivemos seca no período agrícola e níveis de precipitação elevados durante a época do processamento industrial”, diz o dirigente da Asplan. Ele explica que o produtor está cada vez mais endividado, diminuindo o uso de tecnologias e se valendo do adiantamento das indústrias e do pagamento da subvenção para sobreviver. “Este ano, nem subvenção teremos, pois o governo federal, depois de nos enrolar por quase um ano, disse recentemente que não tem recursos para o pagamento”, desabafa Murilo.
Na atual safra, os micros produtores de cana-de-açúcar, que produzem até 1000 toneladas, foram responsáveis por 15,17% da produção, o equivalente a 379.052,49 toneladas. Os pequenos produtores responderam por 26,35%, com 658.483,89 toneladas. Os médios produtores ficaram com 21,13% da produção, equivalente a 528.180,08 toneladas enquanto que os grandes fornecedores ligados a Asplan responderam por 37,35% do volume produzido, equivalente a 933.451,65 toneladas. Classifica-se como micro produtor quem produz até 1000 toneladas/safra. Os pequenos produzem entre 1000 e 5 mil toneladas. Os médios se classificam entre quem produz de 5 a 10 mil toneladas, enquanto que é considerado grande produtor quem fornece acima de 10 mil toneladas. Na Paraíba, 75,53% dos fornecedores de cana associados da Asplan são considerados micro produtores. Os grandes representam apenas 2,88% do universo de fornecedores ligados à Associação.